Neste momento, as nossas empresas de iluminação estão dotadas de experiência e conhecimento capaz de fazer face aos mercados internacionais e à enorme concorrência, os nossos produtos passaram a ser reconhecidos pela sua elevada qualidade e diversidade.
O mercado de iluminação nacional, à semelhança de outros sectores portugueses, caracteriza-se pela relativa falta de escala das suas empresas, sendo constituído na sua esmagadora maioria, por pequenas e médias empresas. Poderia pensar-se que estas empresas, muitas vezes em constante equilíbrio entre os objectivos propostos e os compromissos assumidos, teriam dificuldade em se adaptar às mais variadas situações, adversidades e avanços tecnológicos. Contudo, e apesar de esforços acrescidos, os nossos empresários têm mantido o foco em algo estritamente essencial, a evolução do mercado e as preferências e interesses dos seus clientes.
Ao longo do tempo, muitas foram as barreiras que enfrentaram e, muitas delas, ainda enfrentam, desde crises económicas, mudanças de hábitos dos consumidores, alterações na comunicação e promoção dos produtos, alterações nas estratégias de vendas ou nos canais de distribuição e, claro, um mercado constantemente em evolução, não só a nível de design e materiais, mas também a nível tecnológico.
Olhando para trás, o caminho tem sido longo e, por vezes, árduo, mas o que importa realçar é o caminho e a aprendizagem adquirida, pois foram postas por terra muitas ideias enraizadas, muitos hábitos e muitas formas de pensar; a visão mudou e a garra e a vontade de crescer faz agora parte do dia-a-dia destes empresários que tudo fazem para dignificar o seu país e o seu produto.
Modesto Castro, presidente da Associação dos Industriais Portugueses de Iluminação (AIPI)
Num passado recente, a ideia de exportar ou internacionalizar uma empresa era vaga, estando somente no subconsciente de cada um, sabiam que era uma necessidade, mas faltava sempre o impulso para começar. As empresas estavam direccionadas para o mercado nacional e para os recursos que poderiam retirar dele, mas a crise que assolou o mundo em 2009 veio obrigar à procura de novos mercados, novos clientes, com um design mais arrojado e uma qualidade de excelência.
Mas, agora que o foco estava no além fronteiras, surgia uma nova dificuldade, a enorme concorrência, não só pelas empresas dentro de portas, mas também pelas asiáticas, pelo que as novas palavras de ordem eram inovar e diferenciar.
O que poderiam fazer as empresas para ultrapassar esta barreira? A solução passou por estudar o mercado, escutar os clientes e reinventar os recursos humanos, de forma a priorizar a rapidez, a eficácia e flexibilidade nos processos, aliando a isso uma aposta no design e na qualidade do produto, pois o mercado de iluminação jamais poderia competir pela quantidade produzida.
Actualmente, o mercado evolui à velocidade da luz e é preciso estar constantemente a reinventar e a inovar, principalmente com a constante evolução tecnológica, mas esta também trouxe muitas vantagens. Algumas das máquinas antigas foram substituídas por máquinas mais modernas, como CNC’s, polidoras, fresadoras, furadoras, câmaras de pintura, impressoras 3D, entre outras, tornando muitos dos processos produtivos mais rápidos e eficazes, sem descurar, por sua vez, o que tão bem caracteriza a nossa produção nacional, o “feito à mão” por mestres e artesãos. Poderíamos definir os nossos fabricantes como um equilíbrio entre o clássico e o moderno, a mão dos artesãos e as máquinas facilitadoras de certos aspectos da produção.
A introdução desta tecnologia moderna nas empresas permitiu que novas matérias-primas fossem trabalhadas, como é o caso da cortiça, e fossem desenvolvidos designs mais arrojados, alguns deles com software Wi-Fi e Bluetooth, que permitem um candeeiro ligar sozinho, ser controlado através do telemóvel, do tablet ou do movimento. A luz artificial pode agora ser controlada conforme a luminosidade do espaço ou da estação do ano, para dar destaque a algum objecto ou até para ajudar a adormecer. A iluminação nacional, cada vez mais em consonância entre técnica e decorativa, tem-se reinventado e acompanhado as tendências, o que lhe permitiu alcançar novos mercados e apresentar internacionalmente produtos mais competitivos.
A tecnologia permite hoje não só responder a novas preferências dos consumidores de iluminação (controlo por voz, via Wi-Fi, com horário customizado, etc.) mas também aumentar a eficiência e a produtividade durante o processo produtivo e simultaneamente dos processos de comunicação. Contudo, estas novas ferramentas implicam um investimento que não está ao alcance de todas as empresas e a falta de escala das unidades do nosso sector é também um handicap à aquisição destas tecnologias facilitadoras do negócio. As ferramentas de comunicação implicam um investimento em marketeers qualificados que saibam potenciar essas ferramentas e conseguir chegar onde todos querem chegar: a um determinado público alvo muito específico. A par disso, o investimento em máquinas e tecnologia para a produção implica elevados consumos de capital, com uma rentabilização que pode demorar vários anos. Não obstante, o caminho será indubitavelmente este e o sector terá de o acompanhar para se manter na linha da frente do comércio mundial de iluminação.
Nem só os processos de fabrico ou os produtos passaram por transformações, os métodos de venda e de comunicação evoluíram na mesma proporção. Nunca foi tão fácil comunicar e com apenas um clique podemos levar todas as nossas colecções aos quatro cantos do mundo. As redes sociais e a Internet of Things vieram dar o impulso que faltava ao nosso sector, o mundo passou a estar interligado e as distâncias encurtaram, a era da globalização passou a ser uma realidade no meio empresarial português.
Neste momento, as nossas empresas de iluminação estão dotadas de experiência e conhecimento capaz de fazer face aos mercados internacionais e à enorme concorrência, os nossos produtos passaram a ser reconhecidos pela sua elevada qualidade e diversidade.
A tecnologia, a excelência de recursos humanos, a capacidade de adaptação aos mercados, o design audaz dos nossos produtos aliados ao bom momento turístico e cultural que o nosso país atravessa colocaram o mundo de olhos postos em Portugal. As nossas empresas souberam tirar partido de todos estes factores para se darem a conhecer e a sua participação nas mais importantes feiras internacionais do sector foi um passo gigante na sua promoção e divulgação. Estes certames são o ponto de encontro ideal para estabelecer novos contactos, a montra perfeita para decoradores, designers, arquitectos e distribuidores observarem as tendências do mercado e escolherem em primeira mão as próximas peças dos seus projectos.
O sector de iluminação nacional percorreu um longo percurso, mas a experiência adquirida dotada de conhecimento e tecnologia permite às nossas empresas continuar a dar cartas a nível internacional.
As opiniões expressas são da responsabilidade dos autores e não reflectem necessariamente as ideias da revista Edifícios e Energia.