Um estudo recente da Associação Europeia de Aquecimento, EHI, realizado a três mil consumidores europeus que haviam recentemente adquirido um novo sistema de aquecimento concluiu que mais de 70 % dos inquiridos adquirem o mesmo tipo de tecnologia que já possuíam, 43 % acreditam que as características das suas casas não lhes permitem um sistema diferente, 28 % não conhecem outras tecnologias e 25 % não tiveram tempo ou disponibilidade para procurar mais informação.
Do total dos inquiridos que haviam adquirido um novo sistema para substituir um pré-existente, 2/3 indicaram tratar-se de uma substituição de emergência por o sistema anterior ter avariado e 1/3 indicaram que, apesar de o sistema antigo ainda funcionar, decidiram adquirir um novo que lhes permitisse reduzir a sua fatura energética, ter um sistema mais eficiente e reduzir as emissões poluentes associadas.
De facto, o cenário que o estudo indica não é novo na medida em que a decisão de substituição de um sistema de aquecimento é normalmente uma decisão de emergência e ocorre quando o sistema antigo avaria e a pessoa está com frio, sem água quente e só quer que alguém instale algo que funcione, preferencialmente igual à solução que tinha anteriormente e que já conhece. O papel do profissional, seja este um instalador especialista em aquecimento ou perito qualificado, é essencial para que o consumidor saia da sua zona de conforto e descubra que novas soluções de aquecimento estão disponíveis no mercado e quais as que melhor se adequam às necessidades de aquecimento da sua habitação e da sua família. O desconhecimento das novas tecnologias no mercado e de soluções mais eficientes e com recurso a fontes de energia renovável é cada vez mais um imperativo na ação dos profissionais que apoiam o consumidor na escolha de novos sistemas, agora num contexto de transição energética para uma economia cada vez menos dependente de energias fósseis.
Ainda assim, a comunicação com o consumidor nem sempre é fácil e transmitir a mensagem de que pagar uma fatura de energia elevada não pode ser considerado investimento é muitas vezes um desafio. Como explicar ao consumidor que está na altura de mudar? A etiqueta energética pode ser uma boa ferramenta de comunicação. Regressando ao estudo da EHI, cerca de 77 % dos consumidores confirmam reconhecer a etiqueta energética de equipamentos de aquecimento e 74 % afirmam que recorrem à informação da etiqueta energética aquando da decisão de aquisição do novo equipamento. E se a etiqueta energética também ajudasse a perceber que está na altura de substituir o antigo sistema de aquecimento?
Na Europa, o sector do aquecimento e da preparação de água quente é responsável por 80 % do consumo energético no sector residencial e atualmente cerca de 84 % deste consumo provém de energias fósseis, utilizadas por mais de 160 milhões de equipamentos, 60 % dos quais com mais de 15 anos e uma classe de eficiência energética estimada de C ou inferior (numa escala entre A++ e D em equipamentos de aquecimento ambiente e entre A+ e F em equipamentos de preparação de água quente).
Para sensibilizar o consumidor para a ineficiência do seu sistema de aquecimento e apoiar os profissionais na comunicação com os seus clientes, o projeto europeu HARP – Heating Appliances Retrofit Planning desenvolveu uma metodologia de cálculo da eficiência e respetiva classe energética dos equipamentos de aquecimento existentes assente nas seguintes premissas:
1. Desenvolvimento de metodologias harmonizadas com os regulamentos europeus de etiquetagem energética, Regulamentos Delegados (UE) n.º 811/2013 e 812/2013 da Comissão;
2. Introdução do fator de degradação dos equipamentos existentes, o qual foi definido em cooperação com a indústria;
3. Consideração dos sistemas de classificação de equipamentos de aquecimento já existentes em alguns países europeus, nomeadamente na Alemanha, em Itália e em França;
4. Utilização de dados técnicos de equipamentos existentes e realização de ensaios em laboratório para aferir as eficiências dos mesmos validando assim as metodologias;
5. Consideração de valores padrão, de acordo com as normas europeias, para as situações em que não esteja disponível a informação necessária para caracterizar o equipamento existente.
Esta metodologia materializa-se numa aplicação de acesso livre e gratuito em https://aquecimentoeficiente.adene.pt/. A aplicação está disponível em duas versões: para consumidores e para profissionais. Na metodologia para consumidores, simplificada, são apenas solicitados três parâmetros: fonte de energia, tipo e idade do equipamento. Na metodologia para profissionais, detalhada, são identificados todos os parâmetros, sendo assumidos os valores indicados nas normas para os parâmetros que o profissional não consiga identificar. Para além do cálculo da eficiência e classe energética do equipamento, a aplicação permite ainda identificar possíveis soluções no mercado que possam dar resposta às necessidades de aquecimento do utilizador, disponibilizando desde logo uma primeira análise das poupanças expectáveis por via da substituição do equipamento existente.
O projeto HARP, liderado pela ADENE, é financiado pela Comissão Europeia no âmbito do programa Horizonte 2020, e a plataforma HARP permite assim informar o consumidor para as vantagens de uma substituição planeada, procurando ser o primeiro passo para querer ter mais informação e procurar apoio junto de profissionais qualificados que possam apresentar as propostas comerciais mais adequadas às necessidades.
Enquanto profissional, lembre-se que quando for recomendar um novo sistema de aquecimento pode diminuir drasticamente parte da fatura de energia do seu cliente se souber aconselhar as melhores tecnologias no mercado e explicar os benefícios da substituição planeada do antigo sistema por um mais eficiente. Aqui, a etiqueta de sistemas existentes ajuda a quantificar a necessidade de substituição e a aplicação HARP a apresentar as vantagens de uma substituição acertada.
Visite https://aquecimentoeficiente.adene.pt/ e comece já a utilizar.
ESTE ARTIGO CONTA COM O APOIO DA ADENE – AGÊNCIA PARA A ENERGIA
O texto acima é da inteira responsabilidade da empresa/entidade/autor em causa.