No setor energético, para manter a rentabilidade, ameaçada pelos aumentos dos custos da energia e das matérias-primas, muitas empresas estão a ser obrigadas a aumentar preços. Este consequente aumento para os consumidores resulta na inflação que domina as expectativas económicas e financeiras para 2023 e acrescenta maior imprevisibilidade aos resultados financeiros.

Trabalhar a montante, ou seja, colocar o foco na poupança dos gastos com a energia e apostar na transição energética, traz resultados tangíveis em toda a linha. Definir e implementar uma estratégia para a descarbonização que proporcione uma transição energética eficaz e eficiente contribui de forma objetiva para a redução de emissões, para a redução de consumos e de custos com a energia, garantindo maior eficácia operacional, maior rentabilidade e sustentabilidade das empresas. Em suma, investir na eficiência energética, em sistemas digitais e em produzir a própria energia são algumas das estratégias mais  inteligentes que as empresas podem adotar.

Neste sentido, muitas têm procurado formas de economizar nas suas faturas no final do mês. Tudo começa, desde logo, pela necessidade de fazer uma análise energética de forma a identificar áreas de ineficiência e potenciais economias de custos, bem como pela de mapear as oportunidades de melhoria, culminando na execução de um roteiro claro e objetivo de otimização energética e descarbonização.

Investir em energias renováveis em vez de depender de combustíveis fósseis pode trazer benefícios a longo prazo, como previsibilidade de preços de energia, redução de custos e de emissões de CO2. Além disso, a implementação de tecnologias mais eficientes na produção de energia térmica, como bombas de calor e sensorização para reduzir o desperdício, bem como o investimento em sistemas digitais, como gestão de energia e indicadores de desempenho, podem ajudar a monitorizar, controlar e reduzir o consumo de energia em indústrias e edifícios. Estes investimentos são exemplos de medidas benéficas e produtivas a longo prazo.

No entanto, outras medidas podem ter um caráter mais comportamental e passam pela educação dos colaboradores e por repensar processos. Por exemplo, realizar a manutenção adequada dos equipamentos e sistemas, como os sistemas de aquecimento e arrefecimento, é importante para garantir que estes funcionem de maneira eficiente. Isolar os circuitos de calor e arrefecimento pode evitar perdas de energia e otimizar o controlo da temperatura, resultando em economia de energia de 5 % a 10 %. Além disso, a implementação de sistemas digitais, como sistemas de gestão de energia, é crucial para promover mudanças de comportamento e alcançar objetivos tangíveis de eficiência energética.

Estas medidas referidas, entre tantas outras, não só ajudam a reduzir custos, como também reforçam a credibilidade de sustentabilidade de uma empresa. Segundo um estudo* publicado no Journal of Management Reviews, os consumidores estão cada vez mais interessados em práticas sustentáveis e estão, inclusivamente, mais dispostos a pagar um serviço premium por produtos ou serviços de empresas que colocam a responsabilidade ambiental nas suas prioridades. A adoção de práticas de eficiência energética, de descarbonização e de digitalização da energia podem levar a uma maior fidelização dos clientes e a recomendações positivas, que são os principais motores da marca.

Em conclusão, a descarbonização traz benefícios substanciais às empresas, desde poupança de custos e aumento da competitividade, até aos benefícios ambientais. Uma mudança de hábitos e comportamentos, assim como o investimento em medidas de eficiência energética, sistemas digitais e produção renovável para autoconsumo, deve estar nas agendas das empresas que se preocupam com o seu crescimento e com a sua prosperidade nos próximos anos.

* O estudo intitula-se The Business Case for Corporate Social Responsibility: A Review of Concepts, Research, and Practice e é da autoria de Archie B. Carroll e de Kareem M. Shabana e datado de 2010. Apresenta uma análise dos conceitos, da investigação e das implicações práticas relacionadas com a responsabilidade social das empresas (RSE), abrangendo vários aspetos da RSE e pode também abordar a relação entre a sustentabilidade e as preferências dos consumidores.

As conclusões expressas são da responsabilidade do autor.