O ano de 2021 ainda não acabou mas já se pode dizer que foi um ano de recordes para a indústria de bombas de calor europeia: segundo estimativas da associação industrial europeia EHPA, 2021 deverá terminar com mais de dois milhões de unidades vendidas. Os números foram anunciados na semana passada e dão conta de um crescimento de mercado superior a 25 % face ao ano anterior.

Depois de um crescimento de 7 %, que a EHPA classifica como “modesto”, em 2020 – ano que foi severamente marcado pela pandemia –, o mercado europeu das bombas de calor recuperou de forma significativa em 2021, “crescendo por toda a Europa a uma velocidade sem precedentes”, relata a associação. Neste sentido, espera-se que o sector ultrapasse a marca dos dois milhões de equipamentos vendidos ao longo deste ano, representando uma variação anual positiva de 25 %.

Segundo a EHPA, estes números, publicados no relatório The European Heat Pump Outlook 2021, dão conta de que “não só os mercados estão no caminho certo, mas também que o sector está a corresponder” ao aumento da procura. Considerando um mercado de soluções de aquecimento de sete milhões de unidades, as bombas de calor representam já mais de 25 % das vendas do sector, revela a mesma fonte.

Em comunicado, a EHPA afirma que “as bombas de calor estão rapidamente a tornar-se na solução standard para novos edifícios”, ao mesmo tempo que o desenvolvimento tecnológico faz delas uma opção “viável” também para a reabilitação do parque edificado. Por esse motivo, as previsões até 2025 são de crescimento, esperando-se que, em 2023, se ultrapassem os três milhões de unidades vendidas e que, em 2025, o volume de vendas anual chegue perto dos quatro milhões.

As estatísticas da EHPA foram conhecidas a 15 de Dezembro, horas antes de a Comissão Europeia apresentar a sua proposta para a revisão da Directiva Europeia para o Desempenho Energético dos Edifícios (EPBD). Mais tarde, em reacção às propostas de Bruxelas, a associação industrial emitiu um comunicado no qual considera que a “Comissão Europeia estabeleceu o caminho para que as bombas de calor se tornem o sistema de aquecimento europeu por norma”.

Para a EHPA, o texto proposto é “ambicioso” no que se refere à descarbonização dos sistemas de aquecimento e arrefecimento nos edifícios europeus e “melhora drasticamente” o argumento a favor das bombas de calor. Recorde-se que a nova proposta de revisão da EPBD obriga, entre outras coisas, à inclusão de roteiros para a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis dos sistemas de aquecimento e arrefecimento até 2040 nos planos nacionais de energia e clima, e proíbe os Estados-Membros de subsidiarem caldeiras a combustíveis fósseis a partir de 2027.

A representante da indústria das bombas de calor afirmou ainda que está “pronta para responder” às necessidades trazidas pela descarbonização dos edifícios, tendo como referência os cálculos da Comissão Europeia que apontam para que, em 2030, 40 % dos edifícios residenciais e 65 % dos edifícios de serviços da União tenham de ser aquecimentos usando electricidade. Para que tal aconteça, prevê a EHPA, será necessário quadruplicar o número destes equipamentos instalados, alcançando uma fasquia de cerca de 50 milhões de unidades em 2030.

“A instalação de bombas de calor nas renovações levará a enormes reduções das emissões de gases com efeito de estufa. A tecnologia está prontamente disponível. Agora, a EPBD adiciona prazos ambiciosos e orienta os consumidores para desbloquear esse potencial”, afirmou, em comunicado, Thomas Nowak, secretário-geral da EHPA. “Juntamente com a introdução da precificação do carbono, essas medidas precisam de total apoio dos Estados-Membros da UE para a implantação massiva necessária na Europa, se quisermos alcançar a neutralidade do carbono até 2050”, concluiu.