Depois de sete anos em tendência descendente, o mercado mundial de energia solar térmica conseguiu finalmente crescer em 2021. Apesar da pandemia de Covid-19, a nova capacidade instalada chegou aos 21 GW no ano que passou, reflectindo-se num crescimento de 3 % do mercado a nível mundial, avança o relatório anual do IEA Solar Heating and Cooling (IEA SHC) Programme.

Segundo a publicação Solar Heat Worldwide 2022, divulgada esta segunda-feira e que reúne informação sobre o mercado solar térmico de 70 países, o sector é, actualmente, responsável por fornecer calor de origem renovável a cerca de 109 milhões de clientes, residenciais e comerciais, em todo o mundo. A nível global, esta indústria alcançou um volume de negócios de 18,7 mil milhões de dólares (aproximadamente 17,7 mil milhões de euros), empregando 380 mil pessoas.

Em 2021, a nova área instalada de colectores solares térmicos alcançou os 31 milhões de metros quadrados (m2), registando, pela primeira vez em sete anos, um aumento. Esse crescimento foi possível graças ao comportamento do maior mercado mundial, o chinês, que registou um aumento de 1 %. Mantendo a tendência de anos anteriores, a China continua a representar a maior fatia da nova capacidade instalada, sendo, desta vez, responsável por 18 dos 21 GW instalados.

Outro mercado determinante para o balanço positivo foi o italiano, que registou um crescimento sólido de 83 %, impulsionado pela dinâmica das actividades de construção combinadas com um novo programa de incentivos para edifícios de elevado desempenho energético, Superbonus 110 %. Ao manter as pessoas mais tempo em casa, a pandemia contribuiu para que um aumento da procura nos mercados do Brasil (+28 %) e dos Estados Unidos (+19 %), com a Grécia (+18 %), a Polónia (+17 %) e a índia (+16 %) a contribuírem também positivamente para o resultado global.

Em contrapartida, o ano foi negativo para os mercados de Espanha (-19 %), África do Sul (-12 %), Áustria (- 7 %) e Chipre (-5 %). Não obstante, a maior queda registou-se na Dinamarca, que, nos últimos dez anos, tinha registado um forte aumento por via do crescente interesse no uso de solar térmico em redes de distribuição de calor. Em 2021, o mercado encolheu 45 %, dando sinal de um abrandamento neste domínio resultante de mudanças nas políticas de apoio e financiamento destes projectos. A aplicação, embora “bem estabelecida” e “com quase 300 sistemas em todo o mundo”, “depende fortemente das políticas de apoio, como mostra o exemplo dinamarquês”, explica Werner Weiss, um dos autores do relatório.

A par das tendências identificadas anteriormente para o sector, como as redes de distribuição de calor e as aplicações industriais, o IEA SHC dá este ano destaque ao crescimento do mercado dos sistemas híbridos, que juntam as tecnologias solar térmico e fotovoltaico (PVT). Tendo como base informação de 38 fabricantes a nível mundial, a publicação dá conta de cerca de 1,4 milhões de m2 de PVT actualmente em operação. Em 2021, a capacidade operacional destes sistemas aumentou 13 %, sendo que já entre 2017 e 2020 a tendência registada era positiva (9 %).

“Com 21 GW de nova capacidade instalada em 2021, o sector solar térmico volta a provar que é um player importante no caminho rumo à neutralidade climática. A nossa publicação Solar Heat Worldwide mostra que há uma ampla gama de clientes que podem beneficiar de calor neutro em carbono gerado no local”, afirmou, em comunicado, Tomas Olejniczak, chair do IEA SHC Programme.

Esta é a 18.ª edição do Solar Heat Worldwide, publicado pela primeira vez em 2005. O relatório anual reúne informação de 70 países, dando, assim, um retrato abrangente do sector da energia solar térmica a nível mundial, identificando dinâmicas dominantes e tendências para o futuro. O relatório pode ser consultado na íntegra aqui.