A criação de emprego no sector das energias renováveis continua a confirmar a sua “tendência de crescimento de longo prazo” e chegou, em 2019, aos 11,5 milhões de postos de trabalho. Os números constam do relatório anual da Agência Internacional para a Energia Renovável (IRENA) sobre a criação de emprego, que revela ainda que o sector emprega mais mulheres (32%) do que o sector dos combustíveis fósseis (21%).

A 7ª edição do relatório anual da IRENA sobre emprego nas energias renováveis veio confirmar a “tendência de crescimento” nos números do emprego e mostra que foi o solar fotovoltaico a liderar a criação de postos de trabalho em 2019, alcançando os 3,8 milhões, “um terço do total” criado no sector. Os empregos na área dos combustíveis de origem biológica não fóssil “seguem de perto” este último, alcançando 2,5 milhões, e a energia hídrica e eólica representavam, em 2019 e respectivamente, perto de dois milhões e 1,2 milhões de postos de trabalho.

No total, são já 11,5 milhões de empregos em todo o mundo ligados às renováveis, com o continente asiático a representar 63% de todos os novos postos de trabalho do sector, “confirmando o estatuto da região enquanto líder de mercado”. Em nota de imprensa, Francesco La Camera, director da IRENA, sublinhou o papel socioeconómico associado à criação de emprego no sector, considerando que “adoptar renováveis cria empregos e fomenta o rendimento local nos mercados desenvolvidos e em desenvolvimento”. O relatório, publicado no passado mês de Setembro, revela um sector “mais inclusivo e com maior equilíbrio de género”, quando comparado com o sector dos combustíveis fósseis. De acordo com o documento, 32% dos empregos nas renováveis são ocupados por mulheres, relativamente ao valor verificado no sector dos combustíveis fósseis, de apenas 21%.

As instalações de renováveis fora das redes energéticas serão um dos factores a contribuir para o crescimento do emprego, com a produção descentralizada de energia renovável a “potenciar usos produtivos em áreas rurais”, com efeitos que “podem ser constatados na agricultura, processamento de alimentos, cuidados de saúde, comunicações e comércio local”, diz a agência internacional. A manutenção do crescimento dos números do emprego no sector, alerta a IRENA, requer “políticas abrangentes, lideradas por medidas de educação e formação”, que devem “priorizar a requalificação de trabalhadores do sector dos combustíveis fósseis, em perigo de perder os seus meios de subsistência”.

Apesar do crescimento “encorajador” registado em 2019, a agência considera que a criação de emprego no sector pode ser “muito maior” com a adopção de políticas que promovam a transição energética. De acordo com o documento da IRENA para a recuperação no período pós-pandemia, “um programa de estímulo ambicioso poderia gerar até mais 5,5 milhões de empregos nos próximos três anos”, o que permitiria ao mundo “continuar no caminho” para a criação de 42 milhões de empregos renováveis projectados pela agência para 2050.