Chama-se Mercado Habitado II e é um projecto que pretende renovar e reinventar edifícios públicos abandonados na cidade de Madrid. Integrando a lista de vencedores do concurso Reiventing Cities, esta ideia visa transformar não só o edifício em si, mas, por consequência, todo o bairro em que se insere, gerando empregos e promovendo uma economia social e solidária.

O projecto Mercado Habitado II está concebido para ser extensível a várias zonas da cidade de Madrid. No entanto, para o concurso Reiventing Cities, a equipa que o idealizou centrou-se no Mercado de Orcasur, um mercado municipal desactivado. Localiza-se no centro de num bairro vulnerável, Orcasur, mas o seu potencial de regeneração e transformação fez com que fosse considerado uma “área de oportunidade” no Plano Estratégico para a Regeneração Urbana de Madrid.

Os principais objectivos deste projecto são ambientais e sociais e passam por criar instalações que beneficiem a população local, gerando oportunidades de emprego e apoiando o empreendedorismo local.

Ocupa uma área de 1 880 m2, mas existe a hipótese de se estender para o edifício vizinho, também do ayuntamiento de Madrid, e que está parcialmente ocupado por associações de bairro. A nova configuração deste mercado deverá incluir a entrada principal através da Plaza del Pueblo, permitindo, assim, que as actividades se estendam até aí e revitalizem também esse espaço. Liga-se, assim, o interior com o exterior, tornando-se um mercado e centro social.

Com a sustentabilidade ambiental sempre em mente, não fosse este um projecto Reiventing Cities, pretende-se transformar o mercado dormente numa zona com áreas verdes e um edifício com necessidades quase nulas de energia (NZEB), com produção de energia renovável no local através da configuração de painéis fotovoltaicos nas fachadas e no telhado. Estão também previstas outras soluções de eficiência energética, de modo a conseguir que o equipamento se torne autossuficiente. A utilização de madeira certificada e de materiais de construção reciclados e locais também fazem parte das linhas gerais deste conceito.

Pretende-se que este mercado seja uma alavanca para promover hábitos de consumo sustentáveis e ecológicos, incentivando a produção local e ajudando, assim, a promover a saúde, a sustentabilidade e coesão social no bairro e tornando-se um espaço polivalente para encontros sociais intergeracionais.

Para a frente, o projecto deverá ainda incluir a recuperação do mercado no piso térreo, esperando-se a proposta de novas actividades nos andares superiores, de modo a recuperar um espaço que ocupa um papel importante na vida da comunidade local. O edifício deverá também responder às necessidades dos idosos, proporcionando alojamento com manutenção, de modo a permitir manter um certo grau de autonomia e melhorar, dessa forma, a qualidade de vida.

Até agora, a equipa que levou a cabo todo o projecto foi liderada pelo Laboratorio De Cuidados Urbano, que trabalhou com os arquitectos do Sensual City Studio / E. Bardají y Asociados / Estudio Periferia e os peritos ambientais da Zero-Consulting – Ecooo.

Sobre o Reinventing Cities

O Reinventing Cities é uma competição global criada pelo grupo C40, a rede de Cidades para Liderança do Clima. A iniciativa pretende promover a regeneração urbana resiliente, sustentável e neutra em carbono, por todo o mundo.

Para o efeito, o C40 e as cidades participantes convidam arquitectos, construtoras, organizações ambientalistas, grupos comunitários e artistas para formar equipas criativas e competir pela oportunidade de transformar essas cidades, apresentando projectos que respondam a dez desafios ambientais. Os participantes também têm de demonstrar como podem ser alcançadas soluções climáticas inovadoras, em combinação com uma arquitectura diferenciada.

Para este concurso, 14 cidades identificaram 31 espaços que, actualmente, estão dormentes, como terrenos baldios e prédios abandonados, um antigo aeroporto, mansões históricas, mercados, estacionamentos, uma incineradora e um aterro abandonados. Os projectos vencedores irão servir de modelo a cidades de todo o mundo, demonstrando como a aliança entre os sectores público e privado podem definir o futuro, alcançando um desenvolvimento urbano descarbonizado e, ao mesmo tempo, economicamente viável.