Quanto maior for a implementação de bombas de calor para electrificar os edifícios, maiores serão os benefícios sócio-económicos, sendo esta tecnologia uma “via mais rápida” do que o hidrogénio verde para descarbonizar o aquecimento. Estas são duas das conclusões principais do relatório sumário da European Climate Foundation (ECF) e da European Alliance to Save Energy (EU-ASE), lançado em Março, que defende a electrificação e a renovação dos edifícios como a melhor forma de fortalecer a economia europeia.
Bombas de calor, hidrogénio verde ou um mix – qual das vias a implementar nos sistemas individuais e redes urbanas de aquecimento traz maiores benefícios sócio-económicos? Baseadas num estudo da Cambridge Econometrics que analisou esta e outras questões investigando o impacto de diferentes cenários na redução do consumo de combustíveis fósseis na União Europeia e no Reino Unido, a ECF e a EU-ASE respondem favoravelmente à via das bombas de calor, defendendo que a “Europa vai precisar de mudar o modo como aquece e arrefece as habitações para evitar uma crise climática e reduzir a sua dependência de combustíveis fósseis”.
De acordo com as projecções do relatório sumário da ECF e da EU-ASE, Building Europe’s Net-Zero Future – Why the transition to energy efficient and electrified buildings strengthens Europe’s economy, as bombas de calor, enquanto tecnologia “maturada” e “altamente eficiente”, são uma “via mais rápida” para a descarbonização do parque edificado europeu, em comparação com as “inovadoras caldeiras de hidrogénio”. A electrificação que proporcionam é ainda, acoplada à renovação dos edifícios, uma forma de reduzir as facturas energéticas e de “poupar o equivalente a 25 % das actuais importações de gás russo até 2030”, “fortalecendo a economia e a segurança energética da Europa”.
Cortar para metade a factura energética em 2050
No sumário publicado pela ECF e EU-ASE, as bombas de calor são ainda descritas como uma opção “competitiva em termos de custo”, capaz de “reduzir em metade” a factura energética de aquecimento média em 2050, num cenário em que seja equacionada a renovação proposta para os edifícios e a predominância desta tecnologia. As organizações estimam que os “os agregados com menores rendimentos sejam os maiores beneficiários da mudança para as bombas de calor” e acrescentam que a capacidade de preservar uma maior fatia de rendimentos disponíveis é também mais elevada nos grupos com rendimentos médios ou elevados.
O hidrogénio verde, explicam, não consegue produzir os mesmos resultados, porque possui “custos de energia mais elevados” ao necessitar de cinco a seis vezes mais de electricidade renovável, por comparação. Quanto à possibilidade de importar hidrogénio a preços mais baixos para colmatar o impacto negativo, argumenta-se, no documento, que iria “prolongar a dependência da Europa de importações energéticas”.
O relatório aponta também para outros benefícios sócio-económicos. Até 2050, projecta que a renovação e a electrificação do parque edificado nestes moldes permita aumentar o PIB europeu em 1 % e ajude a criar 1,2 milhões de empregos adicionais – número dez vezes superior ao projectado no cenário de aquecimento por via do hidrogénio verde –, em particular nos sectores da construção e da energia.“Há uma clara relação entre a implementação e o uso de bombas de calor e os benefícios sócio-económicos nos cenários [estudados]. Quanto maior for a implementação de bombas de calor, maiores são os benefícios”, conclui a ECF.