Os dados são do segundo relatório do projecto europeu Ready4H2, que estuda o impacto de redes de distribuição locais de hidrogénio para a descarbonização da Europa. Segundo a iniciativa, a reconversão de infraestruturas de gás é uma opção económica mais viável do que a electrificação total.
A aliança europeia Ready4H2 (Ready for Hydrogen) publicou, na semana passada, o segundo relatório do projecto. A partir de mais de 90 distribuidoras de gás de 17 países europeus, a Ready4H2 conclui que o investimento nas redes de distribuição de gás para receber e distribuir hidrogénio permite alcançar uma poupança anual média de 41 mil milhões de euros em infraestruturas energéticas, quando se compara com a opção de desenvolver infraestruturas de electricidade.
Este resultado é obtido através da comparação entre os investimentos necessários para cada alternativa, entre 2031 e 2050. Como refere o presidente da Ready4H2, Peter Kristensen, esta poupança decorre da estimativa de que “o custo da primeira opção seja inferior em cerca de um terço ao cenário alternativo”, num contexto de descarbonização que inclua “volumes significativos de hidrogénio e metano verde”.
Desse modo, a Ready4H2 defende que as redes europeias de distribuição de gás serão uma mais-valia para o desenvolvimento do hidrogénio na Europa e, por extensão, para a transição energética. Para a aliança, não só facilitam a criação de um mercado competitivo de hidrogénio, mais acessível aos utilizadores, como garantem, também com instalações de armazenamento subterrâneo de hidrogénio ligadas às redes, um fornecimento de energia “seguro e fiável em períodos de condições climáticas adversas”, a que algumas renováveis não conseguem dar logo resposta.
De acordo com as conclusões do primeiro relatório da Ready4H2, divulgado em Dezembro, já é possível enveredar por este caminho. Cerca de 96 % dos gasoductos europeus de distribuição de gás, que servem 67 milhões de lares, estão prontos para a conversão para hidrogénio.
Descarbonizar energia em Portugal passa pelo mesmo caminho, diz GGND
Em comunicado, a Galp Gás Natural Distribuição (GGND), que integra a Ready4H2 desde Outubro de 2021, refere que as infraestruturas de gás portuguesas também estão prontas para acolher hidrogénio. E apoia a posição citando outro estudo, de Março de 2020, realizado pela empresa AFRY a pedido da Associação Portuguesa de Empresas de Gás Natural, com a colaboração da GGND e da REN/Portgás.
Nessa investigação da AFRY, a conclusão é de que o caminho para a descarbonização, até 2050, do sistema energético português passa pelo recurso a gases “zero-carbon” e às infraestruturas de gás para fornecimento, uma vez que a electrificação total acarretaria um sobrecusto se 9 mil milhões de euros para a economia nacional.