A partir de 2022, 79 edifícios de grande consumo de energia espalhados por nove dos 17 municípios da Área Metropolitana do Porto (AMP) vão passar a dispor de sistemas de produção de energia renovável para autoconsumo sem precisarem de realizar qualquer investimento próprio. A acção acontece no âmbito do projecto Porto Solar Metropolitano, desenvolvido pela AdEPorto – Agência de Energia do Porto, e prevê, na primeira fase, a instalação de 4,2 MWp de energia solar fotovoltaica, cujo concurso, segundo a entidade, será lançado até ao final do ano.

Com o objectivo de promover as energias renováveis e a geração de energia eléctrica para autoconsumo em edifícios com grande consumo energético, o Porto Solar Metropolitano pretende, já no próximo ano, chegar a 79 edifícios públicos, em nove municípios da AMP: Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa do Varzim, Santo Tirso, Trofa, Valongo e Vila do Conde. Ao todo, num investimento de 5,6 milhões de euros, serão instalados 4,2 MWp de painéis fotovoltaicos, cujo “concurso para fornecimento, instalação e operação será lançado até ao final deste ano”, revelou à Edifícios e Energia Rui Pimenta, administrador executivo da AdEPorto – Agência de Energia do Porto.

“Desenvolvido integralmente” pela agência de energia regional, o projecto esteve, na fase inicial, concentrado nos edifícios municipais, no entanto, “dada a sua atractividade”, houve um “número significativo” de outras entidades adjudicantes que quiseram também envolver-se na iniciativa. Para além dos nove municípios, fazem ainda parte do consórcio, nesta primeira fase, três empresas municipais – Varzim Lazer (Póvoa de Varzim), MaiAmbiente e Espaço Municipal (Maia) e a LIPOR. “O objectivo é agregar o maior número de instalações, a maior potência total, para que o efeito de escala em termos financeiros tenha maior atractividade para as entidades adjudicantes, sejam estas os municípios, sejam outras entidades que demonstrem interesse”, avança.

Outro dos motivos para o interesse no projecto está no modelo contratual adoptado para, neste caso, um período de 12 anos. A fórmula assemelha-se aos contratos de desempenho energético promovidos pelas empresas de serviços energéticos (ESE), no qual a empresa vencedora do concurso fará o investimento inicial, “cumprindo rácios relativos à produção e sendo remunerada com base nos valores previamente identificados para cada uma das instalações durante o período de vigência do contrato, após o qual o activo passa para as entidades [adjudicantes]”, explica o gestor. Tal significa que as entidades participantes “não fazem qualquer investimento [inicial] na instalação, mas beneficiam directamente da energia produzida localmente”.

Segundo estimativas da AdEPorto, o Porto Solar Metropolitano resultará na geração anual de 6,2 GWh de energia eléctrica, o que vai permitir uma poupança anual estimada de custos operacionais de cerca de 800 mil euros e evitar a emissão de 2 250 toneladas de gases com efeito de estufa.

Tendo como área de actuação dez dos 17 municípios da AMP (Gondomar, Maia, Matosinhos, Paredes, Porto, Póvoa de Varzim, Santo Tirso, Trofa, Valongo e Vila do Conde), a AdEPorto vê, através do Porto Solar Metropolitano, a extensão à maioria deste território de um projecto anterior semelhante e que está ainda em andamento. O Porto Solar está agora na sua fase final e consiste na instalação de 1 MWp de energia fotovoltaica em 29 instalações do município do Porto, na maioria escolas.

De notar que a energia solar fotovoltaica tem sido uma das apostas, em particular, do município do Porto, com destaque não só para o autoconsumo, mas também para o tema das Comunidades de Energia Renovável (CER). Contando também com o apoio da agência de energia regional, o município viu recentemente aprovada uma candidatura ao projecto europeu European City Facility (EUCF) e vai receber 60 mil euros para o apoio à consultadoria financeira e administrativa de iniciativas no âmbito da energia sustentável, em particular, a criação de novas Comunidades de Energia Renovável na habitação social gerida pela autarquia.