Num sector em franco crescimento que gera milhares de postos de trabalho em todo o mundo, a refrigeração e o ar condicionado pertencem a um universo predominantemente masculino. Com o objectivo de contrariar essa tendência, as Nações Unidas lançaram um documento no qual compilam as experiências e concretizações de mulheres de todo o mundo que trabalham nesta área.
O objectivo parece simples: aumentar a consciencialização de que o sector da refrigeração e ar condicionado pode incluir mulheres. Mas, para o concretizar, têm de ser realizadas várias acções que impactem os homens que trabalham no meio e encorajem mulheres e jovens a considerar seguir carreiras neste sector em rápido crescimento. Para o efeito, o OzonAction, do Programa das Nações Unidas para o Ambiente, em parceria com a ONU Mulheres, compilou um conjunto de testemunhos, de 107 mulheres, de 50 países do mundo, que trabalham no sector da refrigeração e ar condicionado. Oriundas de países como a Alemanha, Estados Unidos, França, mas também Zâmbia, Myanmar, Sri Lanka, Irão, Serra Leoa, Senegal, Sérvia ou China, todas as mulheres que aceitaram contribuir para este documento têm em comum o facto de trabalharem no mundo da refrigeração e ar condicionado, seja na direcção de empresas, seja em áreas de investigação, ensino, ou no terreno, como técnicas.
O tema da categorização das profissões como sendo predominantemente femininas ou masculinas não é consensual, e muitas vezes surgem acusações de pura especulação. No entanto, para realizar este documento, as Nações Unidas basearam-se em estudos que foram realizados por todo o mundo relacionados com a presença de mulheres neste sector em específico.
A prospecção de mercado começou nos Estados Unidos, em 2017, através do grupo “Mulheres em AVAC” (aquecimento, ventilação, ar condicionado e refrigeração), que concluiu que, naquele país, as mulheres constituíam cerca de 1,2 % dos mecânicos, técnicos e instaladores de aquecimento, refrigeração e ar condicionado. No Canadá, a proporção foi semelhante. No entanto, e dada a escassez de informações representativas, o Instituto Internacional de Refrigeração realizou uma pesquisa mundial, de modo a compilar dados sobre o número de mulheres registadas como membros de associações de refrigeração. Não seria um número certo, mas teve como objectivo ficar com alguma noção dos dados referentes à representação feminina neste sector. A maioria dos resultados indicou níveis abaixo dos 10 %, com apenas dois países a destacarem-se destas percentagens: a China, com 19,5 %, e a Roménia, com 33 %.
Mas o que leva duas agências das Nações Unidas a unir esforços no sentido de promover a inserção de mulheres neste sector? A refrigeração e o ar condicionado são cruciais para a saúde, nutrição, conforto e bem-estar. Desde a prevenção do desperdício de alimentos, passando pela preservação de vacinas, o ar condicionado nos hospitais e até nas casas, o arrefecimento é fundamental para um mundo desenvolvido e sustentável. Como tal, a implementação apropriada da tecnologia de refrigeração e ar condicionado pode ajudar os países a alcançar, de uma forma geral, os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. Mais especificamente, contribui para alcançar segurança alimentar, uma melhor nutrição e sistemas alimentares sustentáveis (ODS 2 e 12), garantindo vidas saudáveis e promovendo o bem-estar (ODS 3), e promovendo um crescimento económico sustentado, inclusivo e sustentável (ODS 8). Para além disso, incentivar e ajudar mulheres a seguir carreiras nesta área também contribui para a igualdade de género e o empoderamento de mulheres e meninas, o ODS 5.
Como tal, as entidades das Nações Unidas que promoveram este documento consideram que esta é uma brochura que deve ser amplamente divulgada, tanto para o público em geral, como em escolas e centros de formação.
De recordar que o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (do inglês United Nations Environment Program) é uma agência de implementação do Fundo Multilateral para a Implementação do Protocolo de Montreal. A OzonAction faz parte da Divisão de Direito do Meio Ambiente da ONU e ajuda países em desenvolvimento e países com economias em transição a alcançarem e manterem a conformidade com o Protocolo, que visa eliminar gradualmente as substâncias destruidoras da camada de ozono.