“Sempre pautada pela actualidade”, a escolha do tema das 23.ªs Jornadas da Climatização, que se realizam já amanhã, na sede nacional da Ordem dos Engenheiros (OE), em Lisboa, tomou forma com o lançamento de um livro da ASHRAE sobre como desenhar os edifícios para a excelência da operação. Segundo Isabel Sarmento, coordenadora da Especialidade de Climatização na OE, era o “mote ideal, já que está em linha com a premente necessidade de tornar os sistemas técnicos dos edifícios efectivamente eficientes”.

Quando se fala em operação, a percepção é de que os edifícios portugueses se posicionam, “de um modo geral, mal”. Como Isabel Sarmento explica à Edifícios e Energia, há vários factores que contribuem para isto. O “mais directo” diz respeito à “falta de recursos financeiros”, mas outras variáveis de peso estão relacionadas com “o mau projecto ou até a sua ausência ou, também, a má construção ou a falta de manutenção”. 

“Um outro aspecto – que não devia ser [um factor], mas que não pode ser descartado – prende-se com o facto de, muitas vezes, o lucro do promotor, quando este não é o futuro utilizador do edifício, se sobrepor à qualidade e à excelência da construção”, acrescenta ainda.

Para a responsável, a falta de conhecimento e de capacidade de inovação não entram nesta equação. “Como podemos ver nas Jornadas, temos conhecimento e capacidade de inovação para o garante da excelência nas diferentes fases do processo de vida de um edifício: projecto, construção, operação e manutenção.”

É com o objectivo de partilhar o estado da arte e este conhecimento técnico já existente que, nas 23ªs Jornadas de Climatização, organizadas pela Comissão de Especialização em Engenharia de Climatização da OE, pela secção nacional da REHVA e pelo capítulo português da ASHRAE, serão apresentados exemplos de “edifícios bem projectados, bem construídos e bem operados e mantidos” sob o mote “Projetar, construir e manter edifícios para a excelência de operação”.

Segundo Isabel Sarmento, a escolha do tema, além de ser “pautada pela actualidade”, aproveita o “recente lançamento pela ASHRAE do livro Designing for Operational Excellence – Intentional Design for Effective Operation and Maintenance” como “mote ideal” para abordar a “premente necessidade de tornar os sistemas técnicos dos edifícios efectivamente eficientes como meio de atingir a neutralidade carbónica”.

“As instalações e os sistemas técnicos, como é reconhecido, têm actualmente um forte impacto, quer ao nível da sua densidade, quer ao nível de atravancamentos, obrigando a que a arquitectura e as engenharias dialoguem entre si de uma forma transparente, de modo a encontrarem a melhor solução para o cumprimento de todos os objectivos propostos programaticamente e regulamentarmente. É, em geral, um desafio árduo, mas gratificante quando a equipa de projecto, no seu conjunto, chega à solução final. Há cooperação e dificuldades a ultrapassar, mas nunca deverá existir antagonismo”, afirma.

E essa solução passa, nas palavras de Isabel Sarmento, por uma “filosofia holística que vai para além do simples ‘projectar bem’”. Ter um edifícios eficiente do ponto de vista energético durante a vida operacional “também só é alcançável se a sua construção garantir a filosofia traçada em projecto e, em sequência, se assegurar uma ajustada operação e continuada manutenção”.

Com esta visão, as 23.ªs Jornadas da Climatização têm ainda a ambição de “sensibilizar os profissionais do sector para a responsabilidade que lhes cumpre para atingir a sustentabilidade alicerçada na descarbonização e nas transições energética e ecológica”.

Recorde-se que as jornadas deste ano vão realizar-se já amanhã no auditório da sede nacional da OE, em Lisboa. Entre palestras e discussões sobre o papel das várias fases de vida dos edifícios para a excelência da operação e sobre a transformação digital e certificação, por exemplo, vai haver lugar à apresentação do livro da ASHRAE pelo especialista Darryl Boyce, que foi presidente desta sociedade no mandato de 2019-2020 e que, como engenheiro, “trabalhou mais de 40 anos no sector dos edifícios e em diversas funções, desde o projecto à operação, passando pela construção e fiscalização”, tendo, por isso, não só uma “larga experiência” como “uma visão holística do edifício”, aponta Isabel Sarmento.

De acordo com a nota introdutória do livro disponibilizada à Edifícios e Energia, esta obra “disponibiliza aos proprietários, gestores e projectistas de edifícios as orientações de que necessitam para compreender as exigências operacionais dos edifícios e para projectar e conduzir a operação dos sistemas neste contexto de procura da excelência operacional.