Isabel Sarmento, coordenadora da Especialidade de Climatização da Ordem dos Engenheiros, perspectiva qual será o maior desafio colocado pela nova Directiva relativa ao Desempenho Energético dos Edifícios (EPBD) e o atual panorama nacional no que toca à poupança energética associada à renovação dos edifícios.
Nas palavras de Isabel Sarmento, o maior desafio da EPBD coloca-se para o parque edificado já existente, “ao prever a necessidade de reduzir o consumo médio de energia primária nos edifícios de habitação em 16 % até 2030 e em, pelo menos, 20 % até 2035, quando comparado com 2020”.
Acrescenta que se espera que 55% desta redução “tenha origem nos edifícios de baixo desempenho energético, a par da renovação de 16 % até 2030 e de 26% até 2033 dos edifícios não residenciais de pior desempenho energético”.
Pensando no cenário português e na forma como a directiva será aplicada em território nacional, a coordenadora refere que Portugal é um dos países da União Europeia (UE) que têm apresentado um índice mais baixo de poupança de energia associada à renovação dos edifícios. Isabel Sarmento explica à Edifícios e Energia que este cenário pode estar associado a dois fatores: à baixa taxa de renovação e ao carácter avulso das medidas que são aplicadas para a melhoria do desempenho energético.
“O projecto e o modo de construir têm de mudar, de se adaptar a uma nova e exigente realidade”, afirma. E a solução passa, nas palavras de Isabel Sarmento, por uma reabilitação energética “baseada em projectos com uma visão holística do edifício, da envolvente aos sistemas técnicos, pois só assim se conseguirá atingir as metas de redução energética e não em ações avulsas que se têm vindo a mostrar ineficazes”. A coordenadora finaliza com a ideia de que, face ao horizonte de curto prazo, é necessária uma aposta na industrialização da construção, “assente na pré-fabricação de soluções, como meio de reduzir prazos, recursos, custos, e, não menos importante, o impacto nos ocupantes”.
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