Bruxelas quer aumentar a meta de redução de emissões de gases com efeito de estufa na Europa prevista para 2030 de 40 para 55 %. A intenção foi anunciada ontem, durante o discurso do Estado da União da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no Parlamento Europeu. Numa mensagem marcada pela ideia de “criação de um mundo no qual queremos viver”, a governante anunciou os planos de Bruxelas para o NextGenerationEU, o instrumento de recuperação da União Europeia (UE), e traçou um objectivo claro para os edifícios: “têm de gerar menos desperdícios, ser menos dispendiosos e mais sustentáveis”.

Com a apresentação da proposta de nova meta para a redução de emissões, von der Leyen admite que os 55 % são “excessivos para uns e insuficiente para outros”, no entanto, para a CE, esta é uma meta “ambiciosa, exequível e benéfica para a Europa”. Nesse sentido, no próximo Verão, toda a legislação comunitária em matéria de energia e clima será revista para se adaptar à nova ambição. “Vamos reforçar o comércio de emissões, fomentar as energias renováveis, melhorar a eficiência energética, reformar a tributação da energia”, acrescentou.

Consciente de que “os edifícios geram 40 % das emissões”, von der Leyen reforçou a importância de intervir neste sector e, para isso, prevê-se que “o NextGenerationEU dê o pontapé de saída para uma vaga de reabilitação europeia [Renovation Wave] e coloque a UE na liderança da economia circular”.

“Sabemos que o sector da construção pode, inclusive, deixar de ser uma fonte de carbono para passar a ser um sumidouro de carbono se se utilizarem materiais de construção orgânicos como a madeira e tecnologias inteligentes como a inteligência artificial”, afirmou. Para a líder comunitária, este não se trata apenas de um “projecto ambiental ou económico”, mas de um “novo projecto cultural para a Europa”, para o qual será preparado uma nova “Bauhaus europeia – um espaço de co-criação onde arquitectos, artistas, estudantes, engenheiros e designers trabalharão em conjunto para fazer disso uma realidade”.

Importante nesta estratégia será o cumprimento do Pacto Ecológico Europeu, e, por isso, Bruxelas vai conceder 37 % (cerca de 277 mil milhões de euros) do orçamento disponível no NextGenerationEU aos objectivos traçados no documento, sendo que se espera que 30 % dos 750 mil milhões do instrumento de recuperação sejam financiados através de green bonds (obrigações verdes). A par disto, será ainda feito investimento em projectos farol de grande impacto, nomeadamente nas áreas do hidrogénio, da renovação e na implementação de um milhão de pontos de carregamento.

No primeiro discurso do Estado da União da alemã, outros temas estiveram também em destaque, nomeadamente aquilo que são os impactos da pandemia de Covid-19 na vida dos europeus. Ursula von der Leyen sublinhou a necessidade de se construir uma União mais forte no domínio da saúde e de reforçar as capacidades europeias em termos de preparação e gestão de crises. Por fim, não ficaram de fora assuntos como a migração, o mercado de trabalho europeu e a transformação digital, num discurso que pode ser lido na íntegra aqui.

 

 

Fotografia: © European Union 2020