A eliminação de novos esquentadores e caldeiras a gás ou gasóleo no mercado em 2025 poderia evitar a emissão de 110 milhões de toneladas (Mt) de dióxido de carbono por ano até 2050. Um estudo recente realizado pela ECOS – Organização Europeia de Ambiente para a Normalização e da coligação Coolproducts fez as contas e alerta que se, após 2025, este tipo de soluções a combustível fóssil continuar a ser instalado, “a Europa não atingirá a neutralidade climática em 2050”.
Segundo o estudo Five Years Left: How ecodesign and energy labelling can decarbonise heating, ao terminar a instalação destes equipamentos a partir de 2025, evitar-se-ia a emissão anual de 30 Mt de CO2 até 2030, 90 Mt até 2040 e 110 Mt até 2050. Para concretizar este cenário, as associações de ambiente pedem que a União Europeia (UE) faça uso dos regulamentos para o ecodesign e também de rotulagem energética, de modo a eliminar gradualmente os esquentadores/caldeiras a combustível fóssil, colocando-as nas categorias F e G – que se referem ao pior desempenho na escala –, avançando, assim, para a sua remoção progressiva do mercado.
As soluções para substituir estes equipamentos já estão disponíveis no mercado, reforça o estudo, nomeadamente as bombas de calor ou os sistemas solares térmicos. Isto tudo sem antes esquecer a necessidade de melhoria da eficiência energética dos edifícios, o que irá diminuir as necessidades de energia para fins de aquecimento.
A associação portuguesa ZERO, que integra as duas entidades internacionais, defende que “a proibição de venda de novos esquentadores/caldeiras a combustíveis fósseis é a única forma de garantir a descarbonização das nossas casas e dos edifícios públicos”. Por esse motivo, defende a associação, o Governo deve “claramente apontar para uma retirada progressiva destes equipamentos do mercado ao longo dos próximos cinco anos”.
“Quando olhamos para os milhares de milhões de euros que a UE prometeu investir na renovação de edifícios, a eliminação progressiva do gás e do gasóleo dos nossos sistemas de aquecimento destaca-se verdadeiramente como uma peça essencial”, escreve a ZERO em comunicado.
Recorde-se que o aquecimento representa 28 % do uso de energia total na UE, o que equivale a 12 % do total de emissões (dados de 2017). Nas casas europeias, 80 % da energia consumida é para aquecimento – 65 % para aquecimento ambiente e 15 % para águas quentes sanitárias. Os combustíveis fósseis continuam a ser a fonte de energia mais usada para aquecimento no sector residencial, com uma fatia de mais de 75 % desse consumo.