A Comissão Europeia divulgou, a 6 de Fevereiro, as recomendações para a redução de emissões até 2040, para que seja possível alcançar a neutralidade climática antes de 2050. Recomenda uma “redução de 90% das emissões de gases com efeito de estufa até 2040, em comparação com os níveis de 1990, lançando um debate com todas as partes interessadas”, pode ler-se na comunicação da instituição.
Após as eleições europeias, agendadas para Junho, a próxima Comissão terá como tarefa apresentar uma proposta legislativa, que será também acordada com o Parlamento Europeu e os estados membros.
A Solar Heat Europe, associação que representa a energia solar térmica, elogia a meta de 90% e pede que seja reconhecida a importância do sector no caminho para a descarbonização.
“Isto [os 90%] é mais do que uma ambição, é imperativo. A descarbonizarão é essencial para atingir as metas de CO2 e precisa de mais visibilidade, incluindo sub-metas e um plano de acção mais detalhado”, explicou Guglielmo Cioni, presidente da Solar Heat Europe, em comunicado.
A produção de calor corresponde a 50% das necessidades energéticas, podendo atingir 80% no caso dos agregados familiares em edifícios. O fornecimento de calor através de fontes sustentáveis e renováveis e a um preço acessível, fiável e estável está de acordo com as recomendações feitas pela União Europeia.
O mercado da energia solar térmica está preparado para responder às necessidades propostas, garante a Solar Heat Europe. Existem produtos fabricados na Europa e prontos a instalar, tanto em edifícios, como no sector industrial. É possível descentralizar e diversificar soluções, evitando estar dependente de certos agentes (como a Rússia, um dos grandes fornecedores, ou a China, que contribui com componentes). Esta diversificação garantirá mais alternativas aos consumidores e à indústria, mais valor económico e criação de emprego, afirma a associação que promove o solar térmico como uma tecnologia chave para a descarbonização e como um passo importante para a transição energética.
Solar térmico em crescimento
Os números mais recentes foram divulgados em Outubro de 2023 e referem-se a 2022. Segundo o relatório Market Outlook 2022, o solar térmico cresceu, na Europa, 12% face ao ano anterior (2021), sendo a maioria das das necessidades de energia nos edifícios a ser atribuída ao aquecimento ambiente ou ao de águas sanitárias.
Ainda há muito caminho pela frente e os objectivos são ambiciosos para os próximos anos. Ter, em 2030, 21 milhões de sistemas de solar térmico instalados em edifícios, com 140 GWth de capacidade operacional e 750 GWh de capacidade de armazenamento é um dos objectivos da Solar Heat Europe. Outro é contribuir para a criação de 250 mil empregos e para a descarbonização, evitando 33,3 megatoneladas de dióxido de carbono por ano.