Entre 1990 e 2019, a União Europeia (UE) reduziu em cerca de 24 % as suas emissões de gases com efeito de estufa (GEE). No ano que passou, as emissões da UE-27 desceram para o nível mais baixo desde há três décadas, sem comprometer o crescimento económico, já que o PIB europeu cresceu cerca de 60 % durante este período, revela o relatório intercalar sobre a acção climática lançado na passada segunda-feira.

Segundo o documento, em 2019, numa base anual, as emissões de GEE nos países da União diminuíram 3,7 %, alcançando o ponto mais baixo desde 1990. Face aos números de 1990, a redução foi já de 24 % e, perante os dados de 2005, a redução alcançada foi de 19 %.

O corte nas emissões não afectou negativamente o desempenho económico, avança o documento, já que a intensidade carbónica da economia europeia – que mede a relação entre as emissões e o PIB – está nos 282 g CO2e/€2015, menos de metade do registado em 1990.

Portugal, por sua vez, conseguiu reduzir 22 % das suas emissões, comparativamente ao ano de 2005, tendo actualmente um nível de emissões de GEE per capita abaixo do europeu. Isto coloca o país a 23 % de distância do seu objectivo para 2030 – a redução de entre 30 e 40 % face a 2005, de acordo com o Plano Nacional para as Alterações Climáticas.  

Incerteza pós-Covid-19

Com a pandemia de Covid-19 a marcar o ano de 2020, é expectável que as emissões desçam para mínimos históricos. Para já e de acordo com as previsões da Agência Internacional de Energia, a primeira metade do ano 2020 registou uma redução a nível global de 8 % nas emissões de CO2. Na Europa, a queda foi de 11 % face ao mesmo período do ano anterior, aponta o Carbon Monitor.

São ainda muitas incertezas relativamente ao cenário pós-Covid-19. Todavia, olhando para crises anteriores, a não ser que haja uma viragem significativa das políticas com vista à transição energética, é possível antever que este período crítico seja seguido por um aumento das emissões de GEE impulsionados pela recuperação económica.

Em 2019, a UE deu passos significativos para evitar este cenário, comprometendo-se a ser o primeiro continente a alcançar a neutralidade carbónica em 2050. Para o efeito, Bruxelas lançou o Pacto Ecológico Europeu, um roteiro multi-sectorial que coloca a Europa e a sua economia no caminho da transição energética. Já em 2020, a Lei para o Clima europeia foi adoptada, tornando a meta traçada para 2050 vinculativa. Na sequência da crise pandémica, a Comissão Europeia colocou à disposição dos países instrumentos financeiros para ajudar na recuperação económica europeia, orientando a sua utilização para os compromissos energéticos e climáticos existentes.

O relatório intercalar sobre a acção climática europeia pode ser lido na íntegra aqui.