Arranca hoje o período de votação electrónica para as eleições da Ordem dos Engenheiros (OE). A votação, cujo resultado será conhecido ao final do dia 12 de Fevereiro, serve para escolher os órgãos nacionais, regionais e locais da OE para os próximos três anos (2022-2025). Em causa, está também o futuro coordenador da especialização de Engenharia de Climatização, cargo que tem sido ocupado, nos últimos anos, por Serafín Graña.
Na corrida aos órgãos nacionais, estão duas listas. Na Lista A, encabeçada por Fernando de Almeida Santos, que concorre a bastonário, com Lídia Santiago e Jorge Liça como vice-presidentes. Por sua vez, Fernando Branco é o candidato a bastonário pela Lista B, que conta também com Aires Ferreira e Manuela Almeida como candidatos a vice-presidentes.
Para a especialização de Engenharia de Climatização, os nomes propostos nos programas das candidaturas são os de António Bordalo (Lista A) e de Isabel Sarmento (Lista B), sendo que, ao momento, apenas esta última é válida, uma vez que a candidatura da Lista A “não foi aceite por impossibilidade de cumprimento do n.º 2 do Artigo 7.º da Lei n.º 26/2019, de 28 de Março”, que se refere à igualdade e paridade de género. A situação foi confirmada à Edifícios e Energia por António Bordalo, que informou também ter sido enviada uma reclamação por escrito à Comissão Eleitoral Nacional (CEN) da OE, à qual a lista aguarda ainda resposta.
Em resposta a pedido de esclarecimento, a CEN adiantou que “decide sobre a admissão das listas concorrentes às eleições na OE no estrito cumprimento das leis e regulamentos existentes, informando as listas concorrentes atempadamente das suas decisões. Nesse contexto, a lista referida [A] conhece as razões da decisão da CEN e a informação está disponível no site da OE sobre as eleições”. [notícia actualizada com a resposta da CEN às 10h de 3 de Fevereiro de 2022]
O que pensam os candidatos à especialização de Engenharia de Climatização?
“A transição energética é o grande desafio da Climatização no futuro próximo ou, até diria, do presente”, considera a candidata da Lista B. Mas não é o único: a formação, a capacidade de gerar atractividade financeira para a profissão e a sua “adequada” regulação são questões que, para a especialista, vão continuar a colocar o sector à prova.
Actual presidente do Chapter Portugal da ASHRAE, Isabel Sarmento é engenheira mecânica, especialista em climatização e Perita Qualificada, sendo, desde 2009, docente no Instituto Superior de Engenharia do Porto. Iniciou a sua carreira profissional nas áreas de eficiência energética de edifícios e de projecto de climatização. Enquanto candidata, identifica quatro prioridades que colocará em prática se eleita: retomar as Jornadas de Climatização; aumentar o número de especialistas; manter a ligação de proximidade com a REHVA e a ASHRAE; promover um diálogo de cooperação com a ADENE – Agência para a Energia e a Direcção-Geral de Energia e Geologia.
À Edifícios e Energia, Isabel Sarmento reforçou a intenção de “conseguir um elevado número de votos” de modo a “legitimar” a missão da lista que integra. Confirmando-se a exclusão da lista opositora, “composta por colegas reconhecidos profissionais da área” que conhece e preza, Isabel Sarmento lamenta o sucedido, mas não deixa de destacar que “o simples facto de se ter perspectivado mais do que uma lista candidata é um sinal de que a Especialização em Climatização é activa e relevante, também, na actividade da Ordem dos Engenheiros”.
Por sua vez, e mesmo fora da corrida, António Bordalo falou à nossa revista sobre as preocupações e prioridades na área da Climatização da lista que representa. “Num cenário optimista e face às perspectivas de investimento versus execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), um dos desafios a todo o sector nacional da climatização será a adaptação necessária ao planeamento, organização, modernização de meios e métodos, de modo a terem a capacidade de resposta às solicitações técnica, produtiva e de prazo de concretização que se perspectivam”, considera.
Desde que se formou em engenharia mecânica, António Bordalo conta já com mais de 40 anos de experiência. À Edifícios e Energia, confessou “não ser um homem de escritório”, passando mais tempo em obra. Ao longo deste tempo, juntou já à engenharia a actividade de docente e formador no IADE e inúmeras participações em comissões técnicas das entidades do sector, incluindo a da EFRIARC, à qual pertence desde 2017.
No que se refere aos desafios do futuro, acrescenta ainda “a capacidade para a realização de parcerias, partilhando recursos e conhecimento”, o reforço da capacidade de resposta do mercado nacional e, de forma geral, “a implementação da eficiência energética, da sustentabilidade e da descarbonização associada a uma flexibilização na utilização no sector dos edifícios”.
Caso viesse a ser o Coordenador da especialização, António Bordalo avança, como prioridades, a necessidade de promover as relações com os sectores institucionais, profissionais, normativos e académicos, e actividades de cooperação nacional e internacional. A par disso, destaca também a intenção de “dar voz aos engenheiros especialistas em Climatização enquanto profissionais do sector” e de “evidenciar o contributo do Engenheiro especialista em Climatização na promoção e implementação da economia energética e da sustentabilidade”.