A intensidade energética global deve diminuir 1,9 % neste ano, mas o valor está aquém da redução de 4 % necessária para cumprir as metas climáticas. Os dados são do relatório Energy Efficiency 2021, publicado na semana passada pela Agência Internacional de Energia (AIE), que defende que o investimento anual em eficiência energética terá de triplicar até 2030.

Depois do abrandamento abrupto em 2020, devido à pandemia de Covid-19, o progresso em matéria de eficiência energética a nível global está a recuperar. Segundo o relatório Energy Efficiency 2021, espera-se que a intensidade energética global passe de uma melhoria (que implica redução) de 0,5 %, em 2020, para uma melhoria de 1,9 %, neste ano.

Apesar de ainda ser incerto se este valor representa uma retoma efectiva dos esforços para a eficiência energética, o relatório considera que sim, apontando a existência de mais investimento, mais gastos políticos nesta questão, novas metas climáticas mais ambiciosas e outras medidas políticas. Todavia, o que se sabe é que -1,9 % está em linha com os valores pré-pandemia, mas longe de representar um ritmo consonante com o objectivo da descarbonização até 2050 – de 4 % entre 2020 e 2030.

Para a AIE, apanhar o comboio da eficiência energética requer uma aposta nos vários sectores e nas várias regiões do mundo. Acima de tudo, requer que a implementação de políticas de energia limpa seja focada na eficiência energética e implica também que o investimento, que se espera atingir cerca de 300 milhões de dólares (à volta de 267 mil milhões de euros) em 2021, triplique até 2030.

Além de a eficiência energética ser o “primeiro combustível” para responder às necessidades actuais, o director executivo da AIE, Fatih Birol, citado na nota de imprensa, argumenta que a aposta nesta eficiência tem também subjacente o potencial de “criação de milhões de empregos decentes”.

Outro ponto do Energy Efficiency 2021 prende-se com a expansão de equipamentos e soluções tecnológicas e da digitalização. Para a AIE, esta também deve ser uma ferramenta utilizada em nome quer da optimização do uso de energia, quer da possibilidade de tornar os benefícios da eficiência energética mais acessíveis e custo-efetivos.

O relatório da AIE tem em conta mais de 200 países para informar todos os anos acerca do estado do mercado da eficiência energética e daí elaborar recomendações. Neste ano, surge pouco depois da COP26, em Glasgow, que terminou precisamente com o mesmo apelo: reforçar a escala e o alcance das medidas de eficiência energética.