“Trabalhar em conjunto” é, para Raúl Corredera Häner, presidente da Eurovent, o segredo para assegurar uma boa qualidade do ar interior (QAI) e um baixo consumo de energia. O responsável da associação da indústria europeia de AVAC abriu a sessão da tarde de ontem do CIAR 2022, o XVI Congresso Ibero-Americano de Ar Condicionado e Refrigeração, que decorre desde quarta-feira em Lisboa.
No palco do Centro de Congressos do LNEC, Häner, que é também senior director Manufacturing and Operations do Systemair Group, afirmou que “está na hora de colocar a ventilação e a QAI na vanguarda da climatização sustentável”, aproveitando, para o efeito, as oportunidades que se apresentam ao mercado, nomeadamente o facto de 60 % dos edifícios europeus disporem apenas de ventilação natural e o impulso que existe actualmente, a nível europeu, para a renovação energética, promovido pela iniciativa europeia Renovation Wave. O especialista apontou ainda a necessidade de requisitos mais exigentes, por exemplo, através da revisão da directiva dos edifícios (EPBD) que se avizinha, e também de vincular a QAI às novas construções e reabilitações.
Sendo que o equilíbrio entre uma boa QAI e o baixo uso de energia é um dos desafios que se colocam aos fabricantes de equipamentos e profissionais do sector de AVAC – e que foi ainda mais acentuado, nos últimos dois anos, pela pandemia de Covid-19 e pelas regras sanitárias que se seguiram -, a resposta, para o dirigente da Eurovent, está no trabalho “conjunto”, já que “as soluções [de AVAC mais eficientes] existem e estão no mercado”, mas precisam de um “empurrão” para serem usadas “o mais amplamente possível”.
Cada agente tem um papel a desempenhar
“Todos desempenham um papel muito importante para [resolver] os desafios de hoje e de amanhã”, afirmou Häner, elencando qual deve ser o papel de cada um dos agentes do mercado nesta missão.
Ao governo e às associações, diz o responsável, cabe o trabalho conjunto com vista à introdução de requisitos mínimos “exigentes”, baseados em normas e que respeitem a neutralidade tecnológica, e, depois, a garantia da sua implementação e fiscalização; os investidores, por sua vez, devem consciencializar-se de que “não há alternativa à sustentabilidade” e que as “soluções que promovem uma QAI saudável e o baixo consumo energético são rentáveis”, mesmo que “mais caras”; por fim, projectistas, engenheiros e instaladores têm a responsabilidade de “aplicar programas de certificação de desempenho”, verificando que os valores dos catálogos dos equipamentos estão correctos e assegurando que as especificações estão em conformidade com as normas e as tecnologias mais recentes.
Organizado pela EFRIARC – Associação Portuguesa dos Engenheiros de Frio Industrial e Ar Condicionado e pelo LNEC, o CIAR 2022 termina hoje, em Lisboa. Ao longo de três dias, o congresso juntou especialistas nacionais e internacionais da indústria de AVAC, assim como representantes de empresas, investigadores e estudantes do sector.