O relatório do Grupo CBRE sobre as Tendências do Mercado Imobiliário em Portugal 2021 indica que, embora o interesse em imóveis para reabilitação deva ser semelhante ao verificado em 2019/2020, a efectivação do mesmo ficará a uma escala inferior à registada nos últimos anos. A explicação, diz a análise, prende-se com alterações legislativas que “têm vindo a desincentivar o interesse pela reabilitação urbana”.
Para além do contexto de incerteza provocado pela pandemia, está em causa, por um lado, a criação de áreas de contenção para a abertura de novas unidades de Alojamento Local, e, por outro, as sucessivas alterações ao regime de arrendamento (NRAU). A acrescentar a isto, o programa de Vistos Gold sofreu alterações, deixando de ser tão atractivo para os investidores. Também importante é o facto de o regime excepcional para a reabilitação de edifícios (RERU) ter terminado, o que aumentou as limitações ao nível de projecto. Sem esquecer, é claro, o incremento significativo dos preços ao longo dos últimos anos.
A pandemia teve um impacto directo em toda a economia em 2020 e essa influência irá continuar este ano, aponta a análise. Apesar de o interesse, por parte de investidores nacionais e internacionais, permanecer elevado, no que concerne à aquisição de terrenos e imóveis para reabilitação, os processos serão mais morosos. As razões prendem-se com a limitação da mobilidade, para controlo da pandemia, mas também com uma mais demorada “resposta a esclarecimentos por parte das câmaras municipais e, principalmente, a uma maior dificuldade na obtenção de financiamento”.
Este cenário leva o relatório a prever que o” segmento de produto de reabilitação, destinado sobretudo ao mercado estrangeiro, deverá continuar a registar uma maior quebra na procura”. O impacto será mais evidente nos projectos de pequena dimensão, localizados nos centros das cidades, “mas fora dos eixos prime, sem estacionamento automóvel, e, principalmente, situados em zonas de contenção, ou seja, onde a câmara limitou a actividade de Alojamento Local”. Já os projectos de gama média e média alta, destinados ao mercado residencial vão continuar a ser colocados rapidamente. A explicação? Ainda há pouca oferta.
Mas a pandemia também trouxe uma tendência positiva. Outros estudos referem que uma maior permanência em casa levou muitas pessoas a investir no conforto, contacto com o exterior e num melhor isolamento. Isso começa a notar-se com uma maior preocupação com a sustentabilidade, que se reflecte na procura de coberturas ajardinadas, soluções de isolamento térmico e utilização de produtos com baixas emissões para o meio ambiente, mas também nas obras projectadas em espaços como varandas, terraços, no caso de apartamentos, ou nos jardins (em moradias).