A multinacional alemã Bosch anunciou ontem que vai investir três mil milhões de euros em tecnologia neutra para o clima até 2025. No que diz respeito ao sector de Tecnologia de Edifícios e Energia, a empresa vai apostar nas bombas de calor, disponibilizando 300 milhões de euros, e nas caldeiras a gás prontas para hidrogénio.

Acreditando que o impacto da guerra na Ucrânia vai acelerar, a longo prazo, a transformação tecnológica na Europa, a Bosch quer empenhar-se no compromisso da neutralidade carbónica, onde o sector dos edifícios é um dos vectores fundamentais.  “Mais de um terço das emissões de carbono vem de edifícios; nesse sentido a acção climática deve também ocorrer na casa das pessoas”, explica Christian Fischer, vice-presidente do conselho de administração da empresa e responsável pela área de negócio de “Tecnologia de Energia e Edifícios”, que registou um aumento de vendas de 8,8 % em 2021, após o ajuste dos efeitos da taxa de câmbio.

Assim, a aposta nesta área irá passar sobretudo por duas tecnologias: bomba de calor, “idealmente alimentada por electricidade verde”, onde a multinacional irá investir mais 300 milhões de euros até 2025 com o objectivo de crescer, até lá, “duas vezes mais rápido tal como o mercado”; e caldeira a gás pronta para hidrogénio, para facilitar a mudança de sistemas de aquecimento. O futuro da empresa vai ainda passar pela conexão e integração de sistemas de edifícios, incluindo um gestor de energia residencial inteligente, que, segundo a Bosch, poderá também ser útil para edifícios de serviços.

De mãos dadas com a digitalização, a Bosch irá investir mais dez mil milhões de euros até 2025 para transformar os seus negócios. Esta transformação será ainda uma estratégia para uma maior eficiência energética no sector de negócio da “Tecnologia Industrial”, lembra a alemã, apontando para a existência de uma plataforma de energia de fabricação conectada, que já está em uso em 80 projectos de clientes e em 120 localizações da Bosch. “Graças apenas a uma gestão energética conectada, estamos a reduzir o consumo anual de energia das nossas operações de produção numa média de 5 %”, destaca Rolf Najork, membro do conselho de administração e supervisor deste sector. Relativamente a este sector, a multinacional sublinha que vai impulsionar a electrificação da sua tecnologia industrial, esperando abranger 30 % da maquinaria móvel até 2030.

Incluindo também os outros domínios de negócio da Bosch – “Soluções de Mobilidade”, onde está a dar os primeiros passos em electromobilidade e condução autónoma, pretendendo ainda produzir pilhas com uma potência de gigawatt até 2025, e “Bens de Consumo” –, a multinacional vai totalizar um investimento de 300 mil milhões de euros em tecnologia neutra para o clima nos próximos três anos.  Este desenvolvimento focado na neutralidade climática está a ser realizado principalmente em localizações da multinacional onde eram produzidos sistemas de combustão, tendo, por isso, exigindo a requalificação e a contratação de milhares de colaboradores, refere a Bosch.

 

Hidrogénio deve “ganhar mais força”

“As soluções baseadas em electricidade têm prioridade, mas as soluções com base no hidrogénio devem também ganhar mais força”, realça Stefan Hartung, presidente do conselho de administração. Como tal, o responsável aponta para a necessidade de a política industrial se concentrar em “tornar todos os sectores da economia prontos para o hidrogénio”. 

Nesta linha de pensamento, a Bosch anuncia que está a entrar no negócio de componentes para a electrólise de hidrogénio, esperando começar a produção de pilhas para geração H2 [hidrogénio] já em 2025, combinando “electrónica de potência, sensores e uma unidade de controlo para criar um módulo inteligente”. Com o objectivo de desenvolver tecnologias de hidrogénio e de avançar na produção europeia desta energia, a Bosch adianta ainda que vai investir, até 2030, cerca de 500 milhões de euros.