Os melhores projectos e acções de sustentabilidade que elevem o interesse e a valorização de condomínios nacionais vão passar a ser distinguidas pelo novo galardão da Associação Portuguesa de Empresas de Gestão e Administração de Condomínios (APEGAC), o Prémio Condomínio Verde. Apresentado ontem no decorrer da Semana da Reabilitação Urbana de Lisboa, este prémio visa, sobretudo, “sensibilizar” os condóminos e “acelerar a mudança que se impõe”, sublinha Vítor Amaral, presidente da APEGAC. Candidaturas já estão a decorrer.
“O objectivo é sensibilizar, sensibilizar, sensibilizar”, diz Vítor Amaral à Edifícios e Energia. Para o representante da APEGAC, este é o primeiro passo para que se possa efectivar e “acelerar a mudança que se impõe” no que diz respeito à reabilitação de condomínios, que, em Portugal, albergam metade da população e que se apresentam, em grande parte, com mais de 30 anos e problemas de fraca qualidade térmica e acústica.
Se “todos queremos viver melhor” e “a grande dificuldade de obras tem a ver com dinheiro”, a sensibilização terá de ser feita de maneira a que os condóminos não só estejam mais informados sobre medidas e apoios que possam surgir, mas também sensibilizados para entenderem estas intervenções como um investimento. “Eu estou a investir. A obra não é apenas uma obra que traz mais eficiência energética, melhor qualidade de vida – só por aí já é muito bom –, mas traz [também] um ganho patrimonial.”
Como funciona?
Com o apoio da Secretaria de Estado do Ambiente, o Prémio Condomínio Verde, que não inclui um prémio monetário, será atribuído, anualmente, ao condomínio habitacional de Portugal que apresente e concretize o melhor projecto nas áreas de gestão ambiental.
Neste âmbito, incluem-se intervenções que contribuam para a redução do consumo de energia, para a criação de fontes de energia renovável, para a protecção do meio ambiente – por exemplo, através da aplicação de vegetação – e para a inclusão de materiais e equipamentos que ajudem a reduzir o impacto carbónico do edifício. Vítor Amaral destaca ainda o “aproveitamento de águas, que, infelizmente, não é feito nos condomínios e que pode ser importante porque traz economia [poupança] e qualidade”.
Mas, além do vencedor, os participantes que cumpram o regulamento também vão passar a integrar um ranking nacional. A ideia é que estes exemplos passem a dispor de uma “placa” que indica a conquista do prémio ou a pertença ao ranking, demonstrando uma preocupação com a sustentabilidade.
A atribuição dos prémios é feita anualmente, mas, neste ano de estreia, há uma particularidade. “Como já estamos quase em Abril, a obra pode referir-se a uma obra executada durante 2022 e 2023, desde que cumpra os requisitos. A partir de 2024, será anual”, explica Vítor Amaral.
Já o ranking nacional será cumulativo, com os projectos que, cumprindo o regulamento, se destaquem pela sustentabilidade ao longo das várias edições do prémio a permanecerem nesta lista. “O ranking é um elenco de edifícios que foram contemplados, não apenas com o prémio, porque trouxeram mais eficiência energética ao edifício”, refere o responsável.
Candidaturas já estão abertas
As candidaturas ao Prémio Condomínio Verde estão já a decorrer, prolongando-se até dia 31 de Dezembro de 2023. O formulário está disponível no microsite destinado à distinção. Nesse portal, serão também disponibilizados, brevemente, o regulamento e o júri.
“Cereja no topo do bolo”
A apresentação do Prémio Condomínio Verde foi “a cereja no topo do bolo” no culminar do painel Reabilitação de Condomínios – Os apoios e o desígnio Verde, que aconteceu, ontem, na Lx Factory, no âmbito da Semana da Reabilitação Urbana de Lisboa. Durante a sessão, Ana Salgueiro, consultora do Gabinete de Gestão do Fundo Ambiental, que também participou, afirmou que o Fundo Ambiental tem “a intenção de lançar [brevemente] um projecto piloto que promova isolamentos a nível da envolvente opaca em condomínios para consolidar as medidas de eficiência energética”.
O debate, que, além de Vítor Amaral e de Ana Salgueiro, juntou Ávila e Sousa, director técnico e marketing do Grupo Preceram, João Gomes, presidente da ANFAJE, e Fernando Costal Carinhas, associado coordenador da equipa de Imobiliário e Turismo, PLMJ, foi também um espaço para explorar desafios relacionados com a regulação e burocracia que dificultam a intervenção nos condomínios e eventuais incentivos à reabilitação, por exemplo, através de benefícios fiscais aos condomínios que tenham constituído um Fundo Comum de Reserva.