Em Portugal, o solar térmico ainda tem um potencial técnico por explorar, sendo possível alcançar uma capacidade de 9,3 GWt para produzir, anualmente, 7,9 TWh. Os dados são do relatório Estimativa de potenciais técnicos de energia renovável em Portugal – eólico, solar fotovoltaico, solar concentrado, biomassa e oceanos, desenvolvido pelo Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) e publicado nesta semana.
Com o objectivo de apoiar as políticas públicas e as tomadas de decisão dos stakeholders relacionadas com a energia e a transição energética, o LNEG levou a cabo um trabalho de identificação do potencial técnico (incluindo a capacidade total já instalada) de diferentes tecnologias de energia renovável no país.
No caso do solar térmico, “o potencial nacional em termos de potência situa-se nos 9,247 GW, o que corresponderá a um total aproximado de 13,2 milhões de metros quadrados de colectores”, refere o LNEG, no relatório. Segundo as contas do laboratório, a maior parte deste potencial estará nos edifícios residenciais (com 7,3 GWt), sendo que a indústria é a segunda maior fatia (1,1 GWt), seguida dos edifícios de serviços, desde lares de idosos, quartéis, alojamentos turísticos, até piscinas cobertas e outras instituições desportivas (0,9 GWt). Além disso, em termos de energia térmica anual produzida, o potencial estimado é de 7,930 TWh.
O trabalho do LNEG, cujos cálculos consideram as necessidades de energia térmica passíveis de serem supridas por sistemas solares térmicos, aponta ainda para um outro resultado: apenas cerca de 10 % do potencial técnico do solar térmico está explorado – isto considerando que, em 2021, estavam em operação 1,3 milhões de metros quadrados de colectores. Ademais, o LNEG expõe, numa apresentação dos principais resultados, que o cumprimento dos objectivos dos planos estratégicos existentes no país resultará na concretização de apenas 40 % do potencial técnico global desta tecnologia.
Com aplicações em edifícios residenciais e de serviços, bem como na indústria, o solar térmico tem viabilidade, do ponto de vista técnico, para crescer em Portugal, sendo que o LNEG destaca, neste documento, “a importância das áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa”.
Apesar destes valores, o LNEG alerta que a estimativa realizada para as tecnologias de conversão térmica da energia solar tem algumas limitações. Entre limitações a nível da informação disponível que impossibilitam considerar alguns sectores ou algumas aplicações específicas, o laboratório aponta também para o facto de a estimativa ser “baseada na procura existente (ano de referência de 2021), não considerando a sua evolução futura” e o facto de não terem sido consideradas possíveis limitações de área de cobertura, “um factor que poderá ser relevante em edifícios multifamiliares”.
O relatório estima ainda os potenciais técnicos de outras tecnologias de energia renovável em Portugal Continental (as regiões autónomas só são consideradas no solar térmico e no solar de concentração). Neste âmbito, o solar fotovoltaico descentralizado em áreas artificializadas, por exemplo, poderá gerar até 36,84 TWh/ano de electricidade, aproveitando um potencial de 23,33 GW. O relatório está disponível para consulta através desta hiperligação.