Ao modelo de comunidades de energia renovável (CER), o projecto COMSOLVE acrescenta a integração do carregamento de veículos eléctricos e de sistemas de armazenamento de energia. Segundo a Coopérnico, uma das entidades parceiras, o objectivo é estimular um ecossistema de prosumers com “benefícios ambientais, económicos e sociais”.

Chama-se COMunidade de energia SOLar com integração de Veículos Elétricos, ou COMSOLVE, e é uma iniciativa da empresa Digitalmente, que conta com o apoio da Coopérnico, do Instituto de Telecomunicações, da Magnum Cap, e ainda da junta de freguesia de São Salvador (em Ílhavo) e da câmara municipal de Ílhavo, município onde será implementada uma unidade de produção energética fotovoltaica para autoconsumo e onde será instalado um carregador para veículos eléctricos.

Enquanto projecto que procura desenvolver soluções de gestão para CER, o COMSOLVE aposta na criação de um ecossistema de partilha centrado no papel dos prosumers. Neste contexto em que entidades e cidadãos são simultaneamente produtores e consumidores, a iniciativa foca-se em três aspectos: integração de sistemas de armazenamento de energia com base em baterias de segunda vida, inclusão de carregadores de veículos eléctricos, e garantia de transacções de energia seguras.

Quanto às transacções de compra e venda de energia, o COMSOLVE utiliza tecnologias de blockchain para potenciar modelos de negociação peer-to-peer. Para gerir toda a energia eléctrica no ecossistema, incluindo a relativa ao carregamento de veículos eléctricos, o projecto prevê também o desenvolvimento de uma plataforma. Além dessas tecnologias, a plataforma vai recorrer ainda à inteligência artificial para melhorar a previsão de consumos, com base nos perfis de consumo e nas preferências dos vários utilizadores.

À entidade gestora, caberá outro papel, nomeadamente o de “optimizar o balanço energético da comunidade, avaliando em tempo real o preço de compra e venda de electricidade à rede de distribuição e tomando decisões de armazenamento, compra de energia para consumo futuro ou venda de excedente produzido”, sublinha a Coopérnico, num comunicado.

Para a cooperativa para as energias renováveis, que apoia o processo de desenvolvimento da CER e divulga o projecto, a iniciativa representa um incentivo à participação dos cidadãos na transição energética de forma ampla. A inclusão dos veículos eléctricos é, aliás, um ponto positivo na lente da Coopérnico, que organizou na semana passada, a este propósito, um workshop sobre quais os primeiros passos para se criar uma cooperativa de mobilidade eléctrica.

Deste modo, o COMSOLVE está, considera a Coopérnico, a “propiciar benefícios ambientais, económicos e sociais aos seus membros [da CER] e às localidades onde opera, em vez de lucros financeiros”.