Na Finlândia, a fábrica de cerveja e refrigerantes Sinebrychoff atingiu o objectivo de neutralidade carbónica em 2021 e, entretanto, tem apostado numa planta virtual de energia que, segundo a Siemens, tornou a unidade num dos “primeiros exemplos de flexibilidade energética num local industrial”.

Fundada em 1819, a fábrica de cerveja finlandesa Sinebrychoff produz, actualmente, por ano, mais de 300 milhões de litros de cerveja, cidra, refrigerantes e bebidas energéticas, gerando uma receita líquida de 300 milhões de euros. Em 2015, acompanhando a tendência e a exigência de maior sustentabilidade, a fábrica estabeleceu o objectivo de alcançar a neutralidade carbónica até 2030. Fê-lo nove anos antes, em Maio de 2021, mas como? 

Primeiro, implementando, logo em 2015, electricidade verde na operação da fábrica, eliminando os combustíveis fósseis e aproveitando também turfa abandonada disponibilizada pelo fornecedor de energia térmica. No ano seguinte, apostando em equipamento de recuperação de calor para evitar o uso de energia adicional desnecessária, bem como na optimização da utilização da água no processo de produção dos refrigerantes e na aposta em embalagens de vidro recicláveis.

Para o alcance da neutralidade carbónica contribuiu também a modernização dos sistemas de ar condicionado, iniciada em 2017, a instalação de iluminação LED a partir de 2018, as mudanças em processos de frio industrial, a reciclagem de dióxido de carbono emitido para a carbonização de bebidas, e a contínua optimização dos sistemas de recuperação de calor e de eficiência hídrica.

Em 2021, a produção de bebidas na cervejaria Sinebrychoff atingiu a neutralidade carbónica, com recurso a energia 100 % renovável. Nesse ano, começou também o caminho da optimização das entregas aos clientes e foi adoptado um sistema inteligente de gestão de energia da Siemens. “As maiores mudanças, nos últimos antos, têm acontecido nesta área da automação. Já temos um nível de automação muito elevado”, revela Pasi Lehtinen, vice-presidente da cadeia de Fornecimento da Sinebrychoff.

Planta virtual de energia

Com um modelo de negócio baseado numa planta virtual de energia (virtual power plant, em inglês), num software e em tecnologia de armazenamento de energia conectada à rede de energia e à cervejaria, desenvolvido pela Siemens, a Sinebrychoff tem conseguido optimizar vários aspectos relacionados com energia. Com a instalação modular de armazenamento de 20 MWh de electricidade do tamanho de metade de um campo de futebol, consistindo em várias baterias de 2 m x 2 m x 2 m, por exemplo, a Sinebrychoff consegue criar aquilo que a Siemens caracteriza como “um dos primeiros exemplos de flexibilidade energética num local industrial”. 

“Carregamos as baterias para utilizarmos a energia quando os preços da energia aumentam [e não queremos comprar à rede, mas, sim, utilizar a própria energia]. A variação [de preço], agora, é muito maior devido às condições atípicas. Portanto, também tem sido mais proveitoso este sistema de armazenamento”, explica Pasi Lehtinen.

É aqui precisamente que está a acontecer “grande parte da inovação”, realça, por sua vez, Constantin Ginet, responsável pelos Serviços de Desempenho Energético da Siemens Smart Infrastructure, acrescentando que a ideia é perceber “como tornar o serviço diferente e tornar a flexibilidade num serviço inteligente, fazendo uma análise contínua [e em tempo real] e o planeamento do serviço” de modo a melhorar, de igual modo, o funcionamento das redes.

Segundo a Sinebrychoff, o modelo de negócio baseado na plataforma Smart Energy da Siemens já permitiu poupar, em média, cerca de 500 mil euros por ano desde 2015.

“Os edifícios estão no centro da transição, não só na possibilidade de reduzirem as emissões de dióxido de carbono, mas também na possibilidade de participarem nas microgrids”, sublinha Constantin Ginet, apontando para a Sinebrychoff como um “exemplo com muito impacto na indústria” também por mostrar que a indústria leva a sério e compreende a necessidade de alcançar os desígnios de ser “net zero e carbon free”.

Além das medidas referidas, a fábrica finlandesa também tem apostado, nos últimos anos, na mobilidade eléctrica, tendo já instalados 16 pontos de carregamento de veículos eléctricos para os empregados. Recorde-se que a Finlândia tem como objectivo tornar-se neutra em carbono até 2035. 

*A jornalista viajou a convite da Siemens Portugal

Fotografia: © Siemens