Entre as candidaturas seleccionadas pelo Energy Poverty Advisory Hub (EPAH) no âmbito do apoio técnico com vista à mitigação da pobreza energética a nível local, estão duas iniciativas portuguesas. Enquanto a região Centro de Portugal se vai focar no desenvolvimento de uma ferramenta de diagnóstico e mapeamento, as freguesias da Baixa da Banheira e Vale da Amoreira vão, em conjunto, liderar um projecto de diagnóstico da pobreza energética envolvendo o centro de saúde local.

As duas representantes portuguesas fazem parte de uma lista de 49 municípios e regiões de 12 países da Europa, que integra 28 propostas eleitas, seleccionadas após o segundo aviso do EPAH, cuja fase de candidaturas terminou no final do mês de Março.

“Esta colaboração tem como missão capacitar os governos locais, fornecendo-lhes a assistência técnica necessária para alcançar resultados tangíveis e com impacto. Ao abordar a questão da pobreza energética nas suas comunidades, estes municípios estão a abrir caminho para que outros sigam o exemplo e se envolvam em iniciativas semelhantes”, explica o site do hub financiado pela União Europeia com o objectivo de combater a pobreza energética e acelerar a transição energética.

A proposta da Região Centro está relacionada com uma ferramenta de diagnóstico e mapeamento que permite identificar as situações de pobreza energética em cada município. “A ideia é começar a desenvolver uma ferramenta mais alargada, aplicável a larga escala e replicável, e depois testá-la num município da região, que neste caso será Arganil”, explica João Pedro Gouveia, do Centro de Investigação em Ambiente e Sustentabilidade (CENSE FCT-Nova), um dos parceiro do EPAH.

Já a candidatura da União de Freguesias da Baixa da Banheira e Vale da Amoreira (concelho da Moita) é “um projecto altamente inovador, mesmo a nível europeu, e claramente a nível nacional”, que procura fazer um diagnóstico de pobreza energética envolvendo o centro de saúde local. “Este explora a ligação entre a pobreza energética e os impactos na saúde, bem como o papel dos médicos, que pode ser importante para referenciação de casos e diagnóstico do problema”. Por exemplo, “os clínicos poderão encaminhar os utentes para plataformas de diversas redes que, depois, tentarão ajudar as pessoas com vulnerabilidades ligadas ao desconforto térmico, ao frio, ou ao calor”, acrescenta o investigador.

Além de Portugal, foram eleitas candidaturas de mais 11 países: Chipre, Dinamarca, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Polónia, Roménia, Espanha (o mais representado) e Suécia.

Recorde-se que o primeiro aviso de candidaturas escolheu 23 propostas, referentes a 34 autoridades locais da Europa, também duas delas portuguesas: a Junta de Freguesia do Lumiar (Lisboa) e a Junta de Freguesia de Mértola. A primeira está a desenvolver uma comunidade de energia renovável, em colaboração com a Coopérnico, integrando famílias em pobreza energética. Quanto ao caso de Mértola, procura fazer o diagnóstico da pobreza energética no centro histórico da vila, de forma a serem planeadas diversas acções de mitigação. Para isso, estão a ser realizadas entrevistas ao habitantes que, numa primeira fase, ajudem a identificar e compreender as experiências locais.

Além do CENSE, o Energy Poverty Advisory Hub conta com outros quatro parceiros europeus: a rede de acção climática Climate Alliance (Bélgica e Alemanha), a agência para a inovação, desenvolvimento e educação AISFOR (Itália), a empresa de desenvolvimento de software e tecnologias de informação Akaryon (Áustria) e a organização sem fins lucrativos Ecoserveis (Espanha).

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Este artigo foi originalmente publicado aqui.