O recrutamento especializado nos sectores da construção e da engenharia em Portugal está em alta, mas a crescente escassez de talento e a guerra na Ucrânia activam sinais de alerta, avança Michael Page.

No ebook Como Atrair Talento no Setor de Engineering & Manufactoring, divulgado na quinta-feira, a empresa de recrutamento especializado Michael Page aponta para uma aceleração do recrutamento das empresas nos sectores da construção e da engenharia no país. Directores de obra, encarregados gerais, preparadores e engenheiros orçamentistas são os mais procurados no segmento de construção, sobretudo nas “zonas urbanas de Lisboa e Porto”. Quanto ao sector imobiliário, nota-se também a procura de profissionais de project managing.

Já no que se refere à engenharia, a Michael Page sublinha a resiliência da engenharia civil, que regista e mantém um “recrutamento muito activo”, e a valorização de outros perfis, principalmente a nível da indústria. São exemplo disso os engenheiros mecânicos, químicos, de gestão industrial e electrotécnicos. Com o aumento de investimento na transição energética, também “os perfis de electrotecnia e áreas afectas à Energia são cada vez mais valorizados e procurados”.

Não obstante o dinamismo do recrutamento, a Michael Page alerta para a tendência de agravamento da escassez de talento no sector da construção e para a generalização do problema a “todas as áreas de engenharia directamente ligadas ao sector da construção”, como as de civil, mecânica e electrotécnica. 

A par da crescente falta de mão-de-obra qualificada, a empresa destaca a guerra na Ucrânia e o elevado aumento dos preços dos materiais como potenciais ameaças aos sectores da construção e do imobiliário. “Os preços das matérias-primas continuam a aumentar significativamente, sendo praticamente impossível cumprir obras em construção com os valores previamente orçamentados. Por sua vez, fica difícil para os promotores imobiliários assumirem directamente estes custos, sob pena de o produto final ficar com valores insuportáveis para o mercado”, elabora António Costa, senior associate manager da Michael Page Property & Construction, em comunicado.

No documento, são também analisadas as competências mais valorizadas, incluindo as soft skills relevantes. Conhecimentos em “metodologias lean, como Six Sigma Black Belt, desenvolvimento de novos produtos, realização de processos e gestão de múltiplos projectos, aliados a abordagens focadas no cliente” e competências em comunicação, liderança e influência, pensamento criativo e resolução de problemas são as capacidades que despertam maior interesse do mercado. Por fim, as estratégias de atracção de perfis especializados são também abordadas, referindo-se o aumento salarial como uma das respostas ao desafio.