Segundo a IRENA – Agência Internacional de Energia Renovável, a energia solar fotovoltaica, a par de outras soluções renováveis, tem-se tornado cada vez mais competitiva, sendo que, no ano passado, a média global dos custos nivelados da electricidade (LCOE) para esta fonte de energia foi 29 % menor do que a da opção alimentada a combustível fóssil mais barata. Os dados são de um relatório da agência, publicado no final de Agosto, que analisa os preços da produção de energia renovável em 2022.

Recorrendo aos valor de LCOE, uma medida que calcula o custo actual líquido médio da produção de electricidade para um equipamento produtor de energia ao longo da sua vida útil, a IRENA aponta, no Renewable Power Generation Costs in 2022, para o solar fotovoltaico como sendo a opção que, desde 2010, tem sido alvo “das reduções de custo mais rápidas”.

Em 2010, a média global de LCOE para energia solar fotovoltaica tinha um valor de cerca de 41 cêntimos por kWh. Passados 12 anos, graças à penetração no mercado e à queda de custos, este valor passou a ser de 4,6 cêntimos por kWh, representando uma descida de 89 %. Em comparação com a alternativa mais barata alimentada por combustíveis fósseis, a média global de LCOE para a energia solar fotovoltaica, que, em 2010, “era 710 % mais cara”, tornou-se, no ano passado, 29 % mais barata.

A nível global e de modo geral, as soluções baseadas em energia solar, tal como as restantes analisadas pela IRENA neste relatório – energia eólica, geotérmica e bionergia –, tornaram-se mais competitivas em 2022. Não obstante, a experiência não foi homogénea em todos os países e, no caso da energia solar fotovoltaica, a agência realça que a “China foi o principal driver da diminuição global dos custos”.

“A IRENA vêm 2022 como um verdadeiro ponto de viragem na implementação de renováveis uma vez que a sua competitividade a nível de custo nunca foi tão grande, apesar da inflação persistente de custos de commodities e equipamentos”, destaca o director geral da IRENA, Francesco La Camera.

Como explica a IRENA, a tendência de uma maior competitividade da energia renovável “viu um salto significativo em 2022 com a subida de preços de combustíveis fósseis”. “A crise de preços dos combustíveis fósseis em 2022 foi um alerta para os poderosos benefícios económicos que a energia renovável pode fornecer em termos de segurança energética”, diz a agência, já em comunicado.

Segundo a análise, publicada no dia 29 de Agosto, houve uma redução de cerca de 484 mil milhões de euros (520 mil milhões de dólares americanos) na factura do sector eléctrico resultante da nova capacidade de energia renovável adicionada em 2022.

“Sem a implementação das renováveis nas últimas duas décadas, a disrupção económica decorrente do choque de preços dos combustíveis fósseis em 2022 teria sido muito pior e teria estado, possivelmente, no caso de muitos governos, muito além da capacidade de alívio através de financiamento público”, conclui a IRENA.