Face aos constrangimentos impostos, primeiro, pela pandemia e, agora, pela guerra na Ucrânia, as empresas do sector do AVAC vão encontrando formas de contrariar e dar resposta a uma procura crescente. No caso da Thermosite, a solução tem passado por um “enorme esforço de planeamento” com os clientes e “uma grande dinâmica” na actualização da sua oferta. Luís Chedas, director comercial da empresa, garante que “a Thermosite está muito bem preparada para os tempos que aí vêm”, mas alerta que o país “não pode ficar para trás” no que se refere à aplicação das verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Depois da pandemia, a guerra. Qual tem sido o impacto da actual situação internacional na actividade da Thermosite?
O maior impacto causado [primeiro] pela pandemia e, agora, pela guerra é [o de] gerir a Thermosite com a imprevisibilidade e a instabilidade do mercado. As enormes subidas de preços, prazos de entrega muito dilatados e a necessidade de lançar novos produtos obrigaram a ter uma grande dinâmica na actualização do nosso catálogo/tabela.
Têm sido afectados pelos problemas sentidos ao nível das cadeias de fornecimento e das matérias-primas? Como têm contrariado essa situação?
Sim, é transversal a todo o mercado. Temos efectuado um enorme esforço para planear com os nossos clientes as datas em que vão necessitar dos equipamentos para conseguirmos aprovisionar atempadamente. No caso dos equipamentos que importamos directamente da China, além dos problemas de falta de matéria-prima, temos a instabilidade de preços do transporte marítimo e também do câmbio.
Que tipos de equipamentos são, neste momento, mais procurados no mercado e como é que isso se reflecte nas vossas vendas?
Os equipamentos mais procurados pelo mercado têm sido as bombas de calor, quer para água quente sanitária, quer para climatização. As soluções [do tipo] bomba de calor com pavimento radiante e/ou ventiloconvectores, em paralelo com o ar condicionado, são os sistemas mais procurados. Completámos muito a nossa gama de equipamentos com a GREE e a THERMWAY.
Como avalia a eficácia dos avisos em vigor para apoiar a melhoria do desempenho ambiental dos edifícios? Têm gerado mais procura?
A percepção que temos na Thermosite é a de que o Fundo Ambiental, no caso dos particulares, através do programa de apoio Edifícios Mais Sustentáveis, demorou a arrancar, mas, depois, teve um impacto muito positivo no mercado, [e] quando estava em cruzeiro foi suspenso ou terminou mesmo! Sobre o programa Vale Eficiência, verificamos muito pouco entusiamo nos instaladores devido à forma de pagamento que foi adoptada.
“Temos efectuado um enorme esforço para planear com os nossos clientes as datas em que vão necessitar dos equipamentos para conseguirmos aprovisionar atempadamente. No caso dos equipamentos que importamos directamente da China, além dos problemas de falta de matéria-prima, temos a instabilidade de preços do transporte marítimo e também do câmbio.”
E no que se refere aos incentivos para outras tipologias de edifícios?
No apoio à Renovação e Aumento do Desempenho Energético dos Edifícios de Serviços, começamos a sentir agora muitas empresas interessadas, [contudo] provavelmente o tempo do concurso, e por tudo o que envolve, é curto – decorre entre 28 Fevereiro a 29 Julho. Na minha opinião, seria importante que as entidades públicas que gerem estes programas comunicassem melhor e se deslocassem ao terreno para perceberem as dificuldades das empresas intervenientes.
As bombas de calor estão a ser apontadas como a solução mais promissora não só para a descarbonização, mas também para uma maior independência energética a nível europeu. Concorda?
As bombas de calor são uma óptima solução, mas não são solução para tudo! É preciso analisar as instalações, o tipo de utilização, a capacidade de investimento, etc. Existem muitas instalações nas quais a melhor eficiência é obtida com sistemas híbridos (caldeira e bomba de calor). Com a SIME, temos soluções híbridas com eficiências que não conseguiríamos alcançar só com bomba de calor.
Que medidas poderiam ser tomadas para ajudar a alcançar estes objectivos?
É fundamental dar continuidade ao Fundo Ambiental, quer para os edifícios particulares, quer para os edifícios de serviços e públicos. Existem prazos para cumprir relativamente às verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Portugal não pode ficar para trás; só teremos de verificar o que os outros países europeus estão a fazer!
Que oportunidades e desafios vê no futuro próximo para o mercado do AVAC em geral e para a Thermosite em particular?
As oportunidades do mercado AVAC são iminentes; é preciso fazer a transição energética, é uma necessidade. A Thermosite está muito bem preparada para os tempos que aí vêm. Tem uma excelente gama de produtos e uma equipa técnica muito qualificada.