Mais de metade das mulheres a trabalharem ou a procurarem emprego no sector de aquecimento e arrefecimento renováveis (RHC, na sigla inglesa) concorda com a percepção de que existem barreiras relacionadas com o género, revela inquérito realizado no âmbito do projecto europeu W4RES Women for market uptake of renewable heating and cooling, divulgado na semana passada. 

O projecto europeu W4RES, cujo objectivo é estimular um maior envolvimento das mulheres no desenvolvimento e na implementação de soluções renováveis para o aquecimento e arrefecimento, levou a cabo um inquérito sobre as barreiras percepcionadas. Para isso, envolveu quatro grupos de stakeholders – autoridades, empresas e instituições académicas do sector e sociedade civil –, em oito países europeus, Alemanha, Bélgica, Bulgária, Dinamarca, Eslováquia, Grécia, Itália e Noruega, totalizando 332 respostas completas.

De acordo com os resultados, a percepção de que as mulheres no sector RHC enfrentam barreiras relacionadas com o género obteve maior concordância por parte das mulheres inquiridas (55 %) do que por parte dos homens (36 %). A nível dos quatro stakeholders e da maior parte dos países, verifica-se que a percepção tende a ser mais alvo de concordância do que de discordância. Esta situação não se verifica na Noruega e na Bulgária, onde há um equilíbrio entre inquiridos que concordam com a afirmação e os que discordam dela, e na Eslováquia, onde a percepção de que as mulheres não encontram barreiras relacionadas com o género no sector é superior (24 % vs. 15 %, com 61 % a afirmar não saber ou não ter opinião).

“Os estereótipos desempenham um grande papel no sector RHC: as práticas de contratação são mais tendenciosas, as mulheres pensam frequentemente que não têm as capacidades necessárias para trabalhar neste campo e estão conscientes do gap salarial entre géneros”, refere o W4RES, em comunicado. Segundo a iniciativa, apurou-se também que as mulheres sentem uma falta de apoio no que diz respeito a enveredar por um caminho empreendedor, o que, no global, é reconhecido pelos homens da maioria dos países europeus. Observou-se ainda que o equilíbrio entre vida pessoal e profissional representa um desafio neste sector para a maioria das mulheres de seis países – só na Noruega (30 %) e na Bélgica (50 %) é que a situação não é sentida por mais de metade. 

“Mulheres não estão representadas adequadamente em posições de tomadas de decisão

A percepção acerca da igualdade de participação de mulheres e dos pares masculinos é semelhante entre homens e mulheres, excepto na Dinamarca, na Noruega e na Bulgária, onde os homens (63 %, 33 % e 67 %, respectivamente) têm uma percepção de igualdade de participação muito superior àquela das mulheres (7 %, 10 % e 35 %, respectivamente). 

Quando a questão é colocada a nível de posições de tomada de decisão em autoridades públicas ou em empresas relevantes para o sector RHC, a percepção – sem diferenças significativas entre as respostas de homens e mulheres – é de que ainda existe uma falta de representatividade feminina. A excepção é a Bulgária, onde a percepção geral dos inquiridos é de que as mulheres não estão sub-representadas.

As mulheres “não estão representadas adequadamente em posições de tomadas de decisão”, afirma o W4RES, sublinhando que “os resultados mostram que ainda há muito trabalho a ser feito”. Entre as medidas que o W4RES propõe estão, por exemplo, apoiar a mulheres jovens que querem seguir uma educação em STEM, dar maior visibilidade a mulheres bem sucedidas no sector RHC e organizar programas de coaching e mentoria destinados a mulheres empreendedoras.